Aumento de desmatamento no Cerrado acende alerta para sustentabilidade agrícola

Os recentes dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentam um aumento alarmante de 19% nos alertas de desmatamento do Cerrado brasileiro em fevereiro de 2024 se comparado ao mesmo mês do ano anterior. Enquanto isso, a Amazônia apresenta uma tendência oposta, com uma diminuição de 30% em seus alertas de desmatamento, evidenciando uma possível migração da destruição de um bioma para o outro.

Estes números indicam uma problemática mais severa no Cerrado, onde apenas de 20% a 35% da vegetação nativa é protegida pelo Código Florestal Brasileiro, diferentemente dos 80% de proteção destinados à Amazônia. Esta diferença na legislação está associada ao crescimento drástico da destruição autorizada em áreas particulares pelo governo, o que contribui significativamente para a disparada dos alertas de desmatamento.

O avanço descontrolado do desmatamento no Cerrado tem causado preocupação entre especialistas, como Mariana Napolitano, diretora de estratégia do WWF-Brasil, que destaca a importância do bioma para a biodiversidade e recursos hídricos. A perda da vegetação nativa gera efeitos devastadores no clima e no ciclo das águas, afetando diretamente a regularidade das chuvas e contribuindo para secas históricas, calor extremo e enchentes.

Além disso, os estados que compõem a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde a agropecuária é intensa, têm registrado índices alarmantes de desmatamento, com o Maranhão e o Tocantins liderando a lista. O Tocantins, por exemplo, viu um aumento de 136% nos alertas de desmatamento em fevereiro de 2024 em relação ao ano anterior.

O aumento do desmatamento no Cerrado impacta negativamente a agropecuária. A crise climática já tem afetado o setor, com produtores rurais buscando recuperação judicial devido a perdas de colheita e incremento dos custos de produção. A conservação ambiental surge como uma ação prioritária para o setor, já que a preservação e recuperação de áreas nativas são cruciais para a sustentabilidade das lavouras e equilíbrio das chuvas.

Pesquisas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontam para uma redução de aproximadamente 12% na produtividade de grãos devido ao desmatamento exacerbado. Assim, a manutenção de áreas verdes no Cerrado não é apenas uma questão ecológica, mas também um elemento essencial para a continuidade do sucesso agrícola brasileiro no âmbito comercial global, reforçando o papel da engenharia e das políticas públicas na busca de soluções sustentáveis que conciliem produção econômica e proteção ambiental.


Fonte: https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/alertas-de-desmatamento-aumentam-19-no-cerrado/

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