Resgatar a ancestralidade e gerar renda, fortalecendo a bioeconomia por meio do artesanato, são os objetivos das atividades promovidas pela Associação de Mulheres Indígenas Artesãs de Tapauá (Amiata). Unidas desde 2019, as mulheres indígenas conseguiram dar início à produção de artesanato no município, com o apoio de editais voltados para o desenvolvimento de cadeias de valor sustentáveis. Essas ações são benéficas para todo o território.
Em 2023, a Amiata, com o apoio do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), regularizou sua situação jurídica e se candidatou à chamada de projetos “Fortalecendo a Autonomia e Resiliência dos Povos Indígenas” do Fundo Casa Socioambiental. Em maio, a Amiata realizou a 1ª Oficina de Artesanato da organização na Aldeia Santo Agostinho, em Tapauá, reunindo cerca de 30 mulheres dos povos Apurinã, Paumari, Baré e Katukina.
As aulas foram ministradas por Roberta Guimbardi Franco, instrutora experiente em técnicas de artesanato, que destacou o resgate da ancestralidade como motor da oficina. “O objetivo dessa capacitação é gerar fonte de renda para o turismo sustentável, incrementando o campo com festas e outras atividades”, explicou Roberta.
A presidente da Amiata, Francinete Apurinã, ressaltou a importância do conhecimento adquirido. “Nós aprendemos a fazer colares e pulseiras, e esse conhecimento será levado para as aldeias, fortalecendo aqueles que não puderam vir. O artesanato ajuda a resgatar nossa cultura do Purus e mostrar que ela ainda existe”, afirmou.
A visão de Francinete é compartilhada por Sandra Amaral, vice-presidente da Amiata, que vê a oficina como um passo importante para ampliar a geração de renda na região. “Vamos transportar nosso artesanato para outros municípios como Manaus, gerando uma renda a mais e fortalecendo nossa atividade”, declarou.
A oficina também atraiu jovens, inspirados pela mobilização das mulheres. Mario Junior, coordenador da Organização da Juventude Indígena de Tapauá (Ojit), destacou a importância do resgate cultural para motivar novas gerações. “Aprender sobre nossa cultura e artesanatos é crucial para nós, que estamos iniciando agora”, pontuou.
A Amiata está inserida em um contexto cultural diverso, abrangendo duas Terras Indígenas: Apurinã Igarapé Tauamirim e Apurinã do Igarapé São João, com 13 aldeias e dois povos indígenas: Apurinã e Paumari. Estas áreas são adequadas para agricultura familiar e extrativismo, e a Amiata visa melhorar a qualidade de vida das associadas, promovendo a valorização cultural com matéria-prima sustentável das florestas do território.
A oficina de artesanato foi financiada pela chamada do Fundo Casa Socioambiental, parte da iniciativa Alianza Fondos del Sur, que fortalece a autonomia dos povos da floresta na América Latina, África e Sudeste Asiático. O projeto Governança Socioambiental Tapauá, do Idesam, atuou no fortalecimento das cadeias de valor e articulação de uso territorial no município.
Thiago Franco, da Iniciativa Estratégica de Governança Territorial do Idesam, explicou que o assessoramento técnico junto às comunidades vai desde a escrita de projetos até a execução das atividades. “Nosso objetivo é escalonar essa atividade, que pode gerar renda significativa para a comunidade e o município”, avaliou.
Tapauá, um município do Amazonas com vasta área de floresta preservada, viu o desmatamento reduzir 77% desde que o Idesam começou a atuar no território em abril de 2022. O projeto de Governança Socioambiental visa fortalecer comunidades em áreas protegidas como a Floresta Estadual Tapauá e as Terras Indígenas Apurinã.