A busca por alternativas sustentáveis aos combustíveis fósseis tem destacado a bioenergia à base de algas como uma promissora candidata, embora o entendimento de sua pegada ambiental integral requeira análises aprofundadas. Uma revisão recente conduzida por Raja Chowdhury e seus colegas abordou tanto os potenciais benefícios climáticos quanto os desafios operacionais associados à produção de bioenergia de algas.
A produção autônoma de biocombustíveis revelou-se ambiental e energeticamente dispendiosa, fortalecendo o argumento em favor da simbiose industrial como meio de mitigar impactos ambientais. A análise demonstrou que a integração de recursos como calor residual, CO2 e energia renovável, particularmente em proximidade com indústrias de energia renovável e laticínios, beneficia consideravelmente a produção algal de bioenergia.
No entanto, o cerne do estudo reside na avaliação de ciclo de vida dinâmica (DLCA), que ressalta a importância de adaptar as metodologias para refletir com precisão os impactos ambientais ao longo do tempo, algo fundamental em estratégias visando o alcance de metas de emissões líquidas zero. Os autores discutem amplamente os indicadores de mudança climática empregados nas avaliações de impacto, tais como o potencial de aquecimento global (GWP), a mudança de temperatura global (GTP) e o ponto de inflexão climática (CTP).
Uma ênfase especial foi dada à produção de bioenergia baseada em resíduos que, conforme identificado, oferece as menores emissões de gases de efeito estufa (GEI) quando comparada a outras vias de produção de bioenergia. Alterações na inventário do ciclo de vida, como ajustes na mistura regional de energia e no inventário dinâmico do ciclo de vida (LCI), são recomendadas para uma aplicação mais precisa dos resultados do LCA na análise de metas líquidas zero.
Quando aborda questões de simbiose industrial, o levantamento indica que a produção de bioenergia com base em algas poderia alcançar uma sustentabilidade desejável caso aproveitasse eficazmente emissões de CO2 e calor residual de usinas termelétricas e instalações produtoras de cimento. A co-localização estratégica não só favorece a balança energética global, mas também poderia desempenhar um papel significativo na redução de emissões do setor de transporte, contribuindo para uma economia com menor intensidade de carbono.
Uma consideração fundamental emergiu na perspectiva das atuais métricas de contabilidade de GEI e métodos de cálculo do GWP, recomendados pelo IPCC, que ainda não contemplam o cálculo GWP dinâmico. Implementar abordagens dinâmicas pode resultar tanto em GWP mais baixo quanto mais alto do que os métodos estáticos, o que poderia facilitar a implementação de objetivos de emissões líquidas zero mais eficientes e de menor custo.
Concluindo, o estudo reforça que a adoção de questões dinâmicas no LCA, incluindo a liberação dependente do tempo de GEI de biomassa residual aplicada no solo, fornece uma projeção mais realista dos impactos climáticos dos biocombustíveis. A aplicação de modelos biogeoquímicos para estimar a liberação de GEI da biomassa residual apresenta uma simulação superior de emissões de GEI, sugerindo um poderoso complemento às abordagens estáticas convencionais na medição de indicadores de mudança climática. Tal avanço metodológico pode ser determinante para alicerçar as estratégias de descarbonização a longo prazo e estimular o desenvolvimento de uma bioeconomia resiliente e sustentável.
Fonte: R. Chowdhury, N. Caetano, M. J. Franchetti, e K. Hariprasad, ‘Life Cycle Based GHG Emissions from Algae Based Bioenergy with a Special Emphasis on Climate Change Indicators and Their Uses in Dynamic LCA: A Review’, Sustainability, vol. 15, no. 3, p. 1767, Jan. 2023. Disponível em: https://doi.org/10.3390/su15031767