Análise aponta desafios para uma bioeconomia amazonense com base em alimentos florestais

Imagem criada com DALL-E

Confrontados com o desafio de transformar o potencial biodiverso da Amazônia em riquezas sustentáveis, pesquisadores analisam a viabilidade de uma bioeconomia florestal amparada no extrativismo de produtos florestais não madeireiros (NTFPs). No artigo ‘Challenges for a Brazilian Amazonian bioeconomy based on forest foods’, os autores identificam mais de 1.000 NTFPs comestíveis na região, destacando que políticas públicas voltadas e bem direcionadas são essenciais para a produção sustentável a partir das florestas intactas.

Embora 131 NTFPs sejam notavelmente abundantes, a praticabilidade de seu uso em larga escala esbarra em limitações tais como a baixa produtividade por hectare, baixo retorno ao trabalho e, sobretudo, a escassez de mão de obra especializada, aspecto mais crítico nas áreas florestais. Para ultrapassar esses obstáculos, é sugerido o investimento em educação de qualidade voltada para áreas rurais e desenvolvimento de uma bioeconomia florestal.

O sucesso de tal empreitada depende da participação integral e colaborativa das comunidades indígenas e locais no desenvolvimento das cadeias de valor que possam contribuir tanto para a segurança alimentar quanto para a conservação do ambiente.

A análise sugere um mix de políticas públicas para mitigar falhas de mercado e aumentar oferta, eficiência e demanda por meio de P&D, preços mínimos, pagamento por serviços ambientais e tipos distintos de certificação para tornar a colheita, processamento e comercialização de NTFPs lucrativos o suficiente para evitar o êxodo rural e manter os especialistas florestais vivendo nas florestas.

As conclusões apontam para a necessidade de reconhecer as limitações do capitalismo neoliberal e evitar a transição de NTFPs para monoculturas. A expansão de uma bioeconomia florestal exige mudanças de paradigmas e investimentos significativos, com políticas públicas atuando na estruturação da produção, garantia de preços, valorização de serviços ecossistêmicos prestados pelas comunidades e soluções tecnológicas para produção com conservação.

Por fim, destaca-se que uma bioeconomia baseada na sociobiodiversidade requer a completa participação e colaboração das populações indígenas e tradicionais em todas as partes da cadeia de valor. Isso inclui uma educação de qualidade e segurança alimentar, garantindo o desenvolvimento e valorização dos saberes e direitos dessas comunidades na preservação da Floresta Amazônica.

Fonte: Challenges for a Brazilian Amazonian bioeconomy based on forest foods

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