O Brasil está prestes a se tornar um palco central das discussões sobre **bioeconomia** global, especialmente no contexto da Amazônia. À medida que o país se prepara para sediar a cúpula do **G20** em novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está promovendo uma visão inovadora de desenvolvimento sustentável para a **Amazônia**. O objetivo: impulsionar uma **bioeconomia** que seja ecológica, economicamente lucrativa e que respeite as populações **indígenas**.
Durante um encontro com investidores japoneses, Lula sublinhou a importância de tornar a conservação da floresta mais rentável do que sua destruição. Recentemente, ele fechou um acordo bilionário com o presidente francês Emmanuel Macron, centrado em investimentos na Amazônia que buscam proteger a biodiversidade local.
Um marco significativo foi o lançamento da Estratégia Nacional de Bioeconomia, que estimula setores como indústria, agricultura e silvicultura a utilizar a biodiversidade nacional de maneira sustentável. Essa estratégia será parte central das negociações durante a cúpula do **G20**, com a intenção de estabelecer um compromisso global para uma visão econômica sustentável.
No entanto, a **bioeconomia**, apesar de seu apelo ecológico, ainda suscita preocupações. Críticos advertem que, em mãos erradas, essa abordagem pode se tornar um artifício para o **greenwashing**, perpetuando práticas insustentáveis sob a fachada da ecologia.
Um compromisso do G20 visa assegurar que os recursos ecológicos sejam explorados de maneira sustentável. Empresas farmacêuticas e de energia já têm explorado recursos naturais para desenvolver novos produtos, enquanto substituem o carvão por biomassa e florestas naturais por plantações. Este cenário expõe a necessidade de uma definição clara e aceitação global do que constitui uma **bioeconomia** efetiva.
Além da reunião do G20, o Brasil espera estabelecer uma abordagem da **bioeconomia** que priorize tanto a conservação dos ecossistemas quanto a justiça ambiental para as comunidades tradicionais da floresta. Planos como o PlanBio no estado do Pará são passos nessa direção, buscando alcançar a neutralidade de carbono em 15 anos.
A floresta amazônica já possui exemplos promissores de produtos sustentáveis, como o **açaí**, que desde os anos 90 conquistou um mercado internacional bilionário. Além do açaí, as melindrosas de pimenta Baniwa e o óleo de babaçu destacam-se como projetos que têm inserido pequenos produtores em mercados internacionais.
No entanto, o caminho para uma **bioeconomia** robusta e sustentável na Amazônia exige políticas radicais que vão além da promoção de culturas florestais charmosas. É necessário interromper atividades que ameaçam os direitos indígenas e potencializar a infraestrutura necessária para expandir negócios locais sustentáveis.
Ainda prevalece um extrativismo de cima para baixo, onde a maioria dos investimentos supostamente destinados à bioeconomia são canalizados para florestas de plantação. Apenas uma fração mínima é direcionada ao desenvolvimento de produtos de espécies nativas da floresta ou à agricultura familiar sustentável. Além disso, o domínio sobre as riquezas genéticas amazônicas permanece nas mãos de corporações e institutos de pesquisa do mundo desenvolvido.
O plano bioeconômico do Brasil servirá como um modelo potencialmente influente para outras nações, e o sucesso de sua implementação poderá depender do amadurecimento dessa visão mais ecológica e socialmente orientada para a **Amazônia** e o mundo.