A educação climática como ferramenta decisiva contra a crise climática

O conhecimento sobre as mudanças climáticas é um desafio atual que demanda ações emergenciais em várias frentes, sendo a educação climática uma das chaves para transformar o cenário preocupante que se desenha perante a crise climática global. Ao nos depararmos com o poder devastador e a urgência da mitigação do metano, apelidado pejorativamente de ‘peidos de vaca’, subestimamos gravemente seu potencial destrutivo, ignorando os impactos significativos que uma redução nas emissões desse gás poderia acarretar para a saúde do nosso planeta.

O descaso de profissionais sêniores na área de sustentabilidade, que minimizam a importância do metano, contrasta com movimentos globais como o Compromisso Mundial sobre o Metano, firmado durante a COP28, indicando um despertar tardio, porém fundamental, para as consequências de tais emissões. Diante da capacidade do metano em potencializar o efeito estufa em até 86 vezes mais que o dióxido de carbono num período de 20 anos, torna-se inegável a necessidade de uma ação concertada para sua redução.

Adentrando na esfera educacional, os dados são alarmantes: estudos indicam que menos da metade dos currículos escolares pelo mundo abordam a temática climática. As escolas, pilares da nossa sociedade, são palcos onde a batalha contra a iliteracia climática pode e deve ser vigorosamente travada. Em Portugal, por exemplo, o contato dos alunos com debates sobre as mudanças climáticas mostra-se insuficiente, revelando a necessidade crucial de programas educativos mais robustos, amplos e atualizados, que exploram as causas, as consequências e as possíveis soluções para a crise climática de forma interdisciplinar.

Evidencias mostram que a educação climática efetiva pode equivaler, em termos de redução de emissões de carbono, à implementação de energia solar residencial ou ao uso de veículos elétricos, refletindo o imenso potencial transformador da educação neste âmbito. Defende-se, portanto, a incorporação do tema climático de forma transversal nos currículos escolares, desde os primeiros anos do ensino fundamental até o superior, alcançando disciplinas para além da ciência, como as sociais, que permitem um entendimento holístico das dinâmicas interpessoais e coletivas acerca da crise.

Ao apoiar os educadores com recursos e capacitação adequados, e ao refletir a real magnitude e evolução do desafio climático nos conteúdos escolares, poderemos capacitar a próxima geração para enfrentar, e possivelmente superar, a ameaça iminente representada pelas mudanças climáticas. O investimento na educação climática como uma política pública prioritária tem o poder de munir os cidadãos, especialmente os jovens, com o conhecimento necessário para a tomada de decisões conscientes e responsáveis que pavimentarão o caminho para um futuro mais sustentável e justo.


Fonte: https://www.publico.pt/2024/01/12/azul/opiniao/peidos-vaca-urgencia-educacao-climatica-2076526

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