A transição para uma bioeconomia está ganhando força na Europa, conforme detalhado em um estudo recente que utiliza uma nova abordagem metodológica para analisar redes de bioclusters. Utilizando a análise arqueotípica, autores como Milad Abbasiharofteh e Frans Hermans classificaram as redes de conhecimento em bioclusters europeus, destacando quatro arquétipos distintos, cada um com características únicas de conectividade e hierarquia.
Os bioclusters, definidos como combinações regionais de indústrias que colaboram para inovação baseada em biomassa, são fundamentais para avançar a bioeconomia, substituindo fontes fósseis por recursos renováveis. Este estudo enfatiza a importância de redes de conhecimento densas e bem conectadas, visto que promovem a troca eficaz de informações interdisciplinares, necessária para inovações tecnológicas sustentáveis e de alto impacto.
Dos quatro arquétipos identificados na análise, apenas um deles, descrito como ‘densamente conectado e moderadamente pequeno-mundo’, demonstra a estrutura de rede ideal para facilitar o intercâmbio de conhecimento. Este arquétipo se caracteriza por uma alta densidade de conexões, o que permite uma circulação eficiente de informações entre os diferentes atores envolvidos nos bioclusters.
No entanto, a realidade do panorama atual é que a maioria dos bioclusters está longe deste ideal, sendo apontado que cerca de 90% das redes analisadas falham em atingir essa configuração. As redes mais comuns apresentam fragmentação significativa, com uma baixa conectividade que limita a disseminação e a integração do conhecimento, desafios partilhados por setores que buscam adaptar-se às novas exigências da bioeconomia.
Os resultados do estudo indicam que, embora teoricamente possível, a transição de bioclusters para a estrutura de rede ideal é um fenômeno raro. Apenas algumas regiões, como as de Tübingen e Freiburg, conseguiram evoluir suas redes significativamente, o que sugere que fatores específicos ainda precisam ser identificados e compreendidos para permitir essa mudança em larga escala.
Do ponto de vista das políticas públicas, esses achados apontam para a necessidade de um desenho de políticas mais sensível à realidade regional, incorporando estratégias que estimulem a formação de laços colaborativos e a conectividade dentro dos bioclusters. Além disso, estimular interações informais e formais e projetos conjuntos pode ser crucial para promover essas transformações.
Este estudo não só aprofunda a compreensão das redes de conhecimento nos bioclusters como também propõe diretrizes claras para políticas que invistam na resiliência e evolução dessas redes. A pesquisa sublinha a importância da abordagem local e contextualmente adaptada para fomentar os avanços necessários no cenário europeu rumo a uma bioeconomia sustentável.
Fonte: Using archetypal analysis to derive a typology of knowledge networks in European bioclusters