Pesquisadores de Illinois desenvolvem índice para quantificar bioeconomia circular

Em um esforço para enfrentar os desafios colocados pelas mudanças climáticas e o aumento populacional, pesquisadores da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign desenvolveram um Índice de Circularidade para sistemas bioeconômicos. Este índice visa fornecer uma métrica confiável e abrangente capaz de quantificar a circularidade, e, assim, entender melhor os impactos e as possibilidades de aprimoramento na produção sustentável.

Como destacado no estudo conduzido pela universidade americana, a economia tradicional segue um modelo linear, onde ocorre a produção, distribuição, uso e descarte dos produtos. Para caminhar em direção a uma economia mais sustentável, é necessário um sistema circular que envolve a recuperação, reutilização e reciclagem de materiais residuais.

O Índice de Circularidade desenvolvido foi aplicado em dois estudos de caso diferentes: um referente a uma operação agrícola de milho/soja e outro abrangendo todo o sistema alimentar e agrícola dos Estados Unidos. Os pesquisadores usaram um exemplo de gestão de nutrientes em fazendas de milho e soja no meio-oeste americano, avaliando o ciclo do nitrogênio ao comparar dois tipos de fertilizantes: ureia e estrume. Os resultados indicaram que o uso de estrume aumentou a circularidade, com um índice de 0,86 em comparação com 0,687 da ureia, evidenciando os benefícios no uso de fertilizantes orgânicos.

No segundo estudo, o foco foi o uso de energia no sistema agrícola norte-americano. Com base em dados nacionais de órgãos como o USDA, EPA e DOE, os pesquisadores compararam o sistema atual com um modelo inovador que integra a recuperação, refabricação e reutilização de resíduos orgânicos, conhecido como framework EE-FEWS (Ambiente-Enhancing Food Energy and Water System). Os achados revelaram que o atual sistema tem um índice de circularidade de 0,179, enquanto a aplicação do EE-FEWS resultaria em um índice significativamente superior de 0,84.

Yuanhui Zhang, principal autor do estudo e professor no Departamento de Engenharia Agrícola e Biológica, explicou que o sistema atual ainda depende fortemente de combustíveis fósseis, com uso limitado de energia solar e eólica. Ao recuperar e transformar resíduos alimentares e de estrume em energia e fertilizantes, esses recursos podem ser reciclados de volta para os sistemas agrícolas, aumentando, assim, a circularidade da bioeconomia nos Estados Unidos.

Com um enfoque escalável, o Índice de Circularidade pode ser aplicado a diferentes tipos de recursos e sistemas, desde processos específicos até setores industriais inteiros, economias nacionais ou mesmo no nível global. Isso inclui recursos minerais como carbono ou nitrogênio, e não minerais, como água ou energia. Zhang destacou a importância de reduzir o uso de combustíveis fósseis, aumentar a utilização de recursos renováveis e minimizar o consumo de água. Contudo, para isso, é vital saber exatamente quanto de cada recurso está sendo usado e entender os pontos fracos e as compensações necessárias.

O índice também possui potencial comercial, permitindo a empresas do setor alimentício, por exemplo, demonstrarem a circularidade de seus métodos de produção para seus consumidores. Além disso, ele pode apoiar iniciativas políticas como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Estes esforços, delineados no artigo publicado na revista Resources, Conservation and Recycling, oferecem uma nova perspectiva e ferramentas importantes para orientar estratégias políticas e comerciais rumo a um futuro mais sustentável na bioeconomia.


Fonte: https://bioengineer.org/illinois-researchers-develop-index-to-quantify-circular-bioeconomy/

Compartilhar