A bioeconomia global vivencia um momento de rápido crescimento e avanço tecnológico, especialmente no que se refere às biotecnologias e às engenharias biológicas. Contudo, esses progressos enfrentam um grande desafio devido à ausência de padrões técnicos e métricas relacionados. Essa é a conclusão principal da apresentação realizada pelo Professor Paul Freemont, chefe do Departamento de Biologia Estrutural e Sintética do Imperial College London, no World Bio Markets.
Freemont destacou que, enquanto novas companhias e tecnologias baseadas em princípios da engenharia e biologia sintética se globalizam, a falta de normas técnicas específicas pode causar entraves significativos. A necessidade de padrões abertos e voluntários foi uma questão central de sua palestra. O relatório elaborado com a contribuição de stakeholders internacionais, incluindo membros da academia, da indústria e do governo, sugere que estabelecer essas normas é essencial para garantir a qualidade e a segurança dos produtos e processos biotecnológicos.
Entre os exemplos apresentados estão a padronização de processos na produção de bioquímicos e a criação de métricas que assegurem a sustentabilidade e a eficiência das tecnologias. Esses padrões, uma vez adotados universalmente, poderiam facilitar a comercialização e a escala das inovações biotecnológicas.
Um ponto destacado por Freemont diz respeito à diversidade do campo da bioeconomia. Empresas e tecnologias variam amplamente em termos de suas aplicações e metodologias, o que amplifica a complexidade de desenvolver um conjunto unificado de padrões técnicos. Esse contexto dinâmico exige uma colaboração constante entre diferentes setores e especialidades, algo que o próprio evento World Bio Markets busca promover.
O estabelecimento dessas normas técnicas tem implicações diretas na cadeia de valor da bioeconomia. Desde os produtores de matérias-primas biológicas até os desenvolvedores de bioprodutos finais, a existência de padrões uniformes permite maior transparência e interoperabilidade entre diferentes atores do mercado. Além disso, pode aumentar a confiança dos investidores e facilitar a regulamentação governamental, essenciais para o crescimento sustentável desse setor.
Freemont também ressaltou que o apoio governamental é vital nesse processo. A inclusão de políticas públicas que incentivem a adoção de métricas padronizadas pode acelerar a implementação dessas normativas, além de garantir um ambiente regulatório sólido e previsível.
O evento, realizado nos dias 26 e 27 de junho de 2024, foi uma plataforma essencial para discutir esses e outros temas relevantes. Especialistas e líderes do setor compartilharam estudos de caso e práticas bem-sucedidas, reforçando a importância da cooperação internacional e do diálogo contínuo para a evolução da bioeconomia.
Nesse cenário, o papel das instituições acadêmicas e de pesquisa como o Imperial College London é crucial. Ao liderarem esforços para a criação de padrões e métricas, essas instituições ajudam a fomentar um ambiente onde a inovação possa ocorrer de forma segura e eficiente. O relatório apresentado por Freemont é um passo importante nessa direção, oferecendo uma base sólida para futuras discussões e implementações.
A bioeconomia, com sua promessa de revolucionar setores diversos como a agricultura, a silvicultura e a indústria química, depende agora de uma infraestrutura de padrões robusta para alcançar seu pleno potencial. A criação de métricas universais não apenas resolve questões técnicas e logísticas, mas também promove uma maior sustentabilidade e resiliência econômica, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a sociedade.
