Bioeconomia impulsiona inovação e investimentos no Amapá

A bioeconomia está emergindo como um dos setores mais dinâmicos na região Norte do Brasil, especialmente no estado do Amapá. Com uma impressionante cobertura de 97% de vegetação nativa, o Amapá está se posicionando como um hub de inovação para bionegócios, incentivando soluções sustentáveis que respeitam e mantêm a diversidade ecológica da Amazônia.

A recente expansão de startups no estado é evidenciada por um crescimento expressivo: 17% das novas empresas surgiram em 2021 e saltaram para 54% em 2022. Essa rápida ascensão está atraindo olhares de investidores que buscam locais fora do tradicional eixo Belém-Manaus, desejando fomentar uma economia baseada na floresta em pé.

Um importante vetor nesse ecossistema é o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), que já destinou mais de R$ 146 milhões para financiar dezenas de projetos. O programa abrange outros estados do Norte, como Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre, mas o Amapá destaca-se pelo desenvolvimento de iniciativas maduras e prontas para o mercado global, segundo Carlos Koury, diretor de inovação em bioeconomia do Idesam.

Dentre os cases de sucesso no Amapá está a Biofert, uma startup que utiliza resíduos de açaí para a produção de fertilizantes naturais, minimizando o impacto ambiental e diminuindo a emissão de carbono. A empresa, fundada em 2021, foi beneficiada por investimentos de até R$ 1,26 milhão, provenientes do PPBio, Senai e Sebrae, aumentando sua capacidade de produção.

Outro destaque é a Yara Couro, que se aproveita dos resíduos da pesca para fabricar couro sustentável a partir da pele de peixes como o pirarucu. Com um aporte de R$ 2 milhões do PPBio, a startup explora novas possibilidades para pigmentos e acabamentos têxteis utilizando componentes naturais da Amazônia.

A Engenho Café de Açaí, fundada em 2020 por Valda Gonçalves, representa mais um exemplo de inovação. A empresa transforma caroços de açaí, normalmente descartados, em blends de café e cápsulas, oferecendo uma alternativa sem cafeína com propriedades antioxidantes.

Segundo o gerente de projetos em inovação do Idesam, Paulo Simonetti, o ambiente colaborativo no Amapá é um diferencial, facilitando a conexão com investidores e fortalecendo as sinergias entre startups e outros atores do ecossistema de inovação.

O impulso dessas iniciativas é extremamente relevante, considerando que 73% do território amapaense está sob áreas protegidas ou de conservação. O esforço para aliar desenvolvimento econômico à preservação ambiental é um exemplo de como a bioeconomia pode ser tanto um mecanismo transformador quanto sustentável para as economias locais, além de abrir novos caminhos de investimento.

E enquanto a Conferência do Clima da ONU (COP30) se aproxima, a atenção sobre a Amazônia e a bioeconomia aumentará, proporcionando à região mais oportunidades de visibilidade e posicionamento no mercado global. O Amapá, com seu crescente número de startups e políticas de incentivo, demonstra como a economia verde pode ser integrada de forma eficaz, promovendo não só o crescimento econômico, mas também soluções inovadoras para os desafios ambientais contemporâneos.


Fonte: https://exame.com/esg/bioeconomia-cresce-no-amapa-e-atrai-investimentos-para-novas-startups-fora-do-eixo-belem-manaus/

Compartilhar