O potencial da biodiversidade e da bioeconomia no século 21 se revela como um dos caminhos mais promissores para o desenvolvimento sustentável, tanto econômico quanto ecológico. Esta é a principal conclusão do estudo conduzido pelo Fraunhofer Institute for Molecular Biology and Applied Ecology IME, que analisa como a utilização sustentável dos recursos biológicos pode enfrentar desafios globais, como mudanças climáticas, segurança alimentar e saúde.
A biodiversidade, que abrange a variedade de todos os organismos vivos, é essencial para os serviços ecossistêmicos que sustentam nossas economias. Esses serviços incluem polinização, purificação da água, sequestro de carbono e controle de doenças. Os autores destacam que compreender e aproveitar a biodiversidade, especialmente em países mega biodiversos, pode levar à identificação de bio-recursos que fomentem a bioeconomia.
A bioeconomia, por sua vez, apresenta-se como uma abordagem transformadora de atividade econômica que utiliza recursos biológicos e processos sustentáveis. Com previsão de que até 60% dos insumos físicos da economia global possam ser produzidos biologicamente, a bioeconomia alia crescimento econômico à proteção ambiental. Tecnologias biotecnológicas, como a biologia sintética, têm sido centrais para essas inovações, possibilitando cultivos geneticamente modificados e bioenergias.
Na agricultura, a biodiversidade é fundamental para a segurança alimentar. A diversidade genética de cultivos tradicionais e seus parentes selvagens pode aumentar a produtividade, melhorar a resistência a pragas e aumentar o valor nutricional. A adoção dessa diversidade é crucial para criar sistemas agrícolas resilientes que combatam tendências negativas, como a perda de biodiversidade e a degradação dos ecossistemas.
No campo da biomedicina, a intersecção entre biodiversidade e bioeconomia promove avanços significativos. Compostos bioativos de origem natural têm sido utilizados no desenvolvimento farmacêutico, evidenciado pelos 116 de 158 novos medicamentos licenciados nos EUA na década de 1990 provenientes dessas fontes. As inovações prometem terapias mais eficazes e menos invasivas, baseadas em informações genéticas personalizadas.
No entanto, os autores alertam para a necessidade de padrões éticos e conservação rigorosa. A exploração desregulada pode levar à destruição de habitats e extinção de espécies, destacando a necessidade de marcos regulatórios para o compartilhamento de benefícios e a integração de conhecimentos indígenas.
Ao destacar a Colômbia como modelo, o artigo sugere que este país demonstra como a sinergia entre preservação da biodiversidade e bioeconomia pode ser alcançada. A integração de conhecimento tradicional com avanços científicos modernos oferece um laboratório real para pesquisa e inovação, incentivando práticas globais responsáveis no uso da biodiversidade.
Fonte: What is the potential of biodiversity and bioeconomy in the 21st century?