A escalada dos custos com fertilizantes tem sido uma dor de cabeça para produtores rurais britânicos, especialmente após a invasão russa à Ucrânia. Com uma alta significativa nos preços dos insumos, que quase quadruplicaram no verão de 2022 em comparação com a média de 2020, o fardo financeiro recai sobre o setor de agricultura, com reflexos diretos para os consumidores, que enfrentam a inflação dos preços de alimentos. A crise advém na esteira da dependência de nitrogênio artificial, essencial na fabricação de fertilizantes e intimamente ligado aos preços do gás natural.
O relatório da Energy and Climate Intelligence Unit (ECIU) do Reino Unido ilustra essa realidade ao detalhar o aumento dos custos de fertilizantes que atingiu bilhões de libras. No ano pré-crise, 2020, os gastos com fertilizantes eram de cerca de 470 milhões de libras; em 2022, este número saltou para aproximadamente 1,42 bilhão de libras, e em 2023, sustentou-se alto em 964 milhões de libras. Uma projeção preocupante aponta que, caso os preços se mantenham nesses patamares em 2024, os gastos adicionais poderiam alcançar mais 285 milhões de libras, um acréscimo de 60% em relação a 2020.
Diante dessa situação, soluções baseadas na natureza estão sendo consideradas por agricultores, como um movimento em busca de soberania e independência frente aos gigantescos conglomerados de fertilizantes. Essas alternativas incluem culturas de cobertura e leiras herbáceas, apoiadas por esquemas do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (Defra) da Inglaterra, que visam construir a saúde e a fertilidade do solo de forma natural, mitigando a necessidade dos caros fertilizantes químicos e nutrientes voláteis importados.
A sustentabilidade prática se torna cada vez mais atrativa nessas circunstâncias, e a transição para práticas agrícolas mais resilientes promove, além do desenvolvimento de uma produção de alimentos sólida e segura, benefícios ecológicos como a absorção de carbono e a redução da poluição de rios, além de potencialmente beneficiar a vida selvagem, incluindo aves e polinizadores. Em um cenário onde os custos e a dependência externa ganham cada vez mais destaque, a engenharia para a bioeconomia desempenha um papel vital, demonstrando seu potencial de influenciar de maneira significativa tanto no desenvolvimento econômico quanto social, direcionando o setor para um futuro sustentável e menos vulnerável perante crises globais.