O estudo sobre a Alibertia sorbilis Ducke, uma espécie nativa da biomassa amazônica, lança luz sobre seu potencial para fortalecer a bioeconomia da região. Publicado recentemente em uma prestigiada revista científica, a pesquisa investigou a caracterização físico-química do fruto, bem como técnicas inovadoras, como a extração de pectina auxiliada por ultrassom. As análises revelaram altos níveis de acidez e carboidratos, além de compostos voláteis que enriquecem as características sensoriais do fruto, tornando-o promissor para os setores alimentício e cosmético.
A pesquisa avaliou a eficiência do método de ultrassom na extração de pectina, comparando-o com procedimentos tradicionais. Os resultados mostraram que a abordagem ultrassônica não apenas aumenta o rendimento, como também melhora a qualidade do produto final, sendo especialmente relevante para ecossistemas ricos em biodiversidade como a Amazônia.
Alibertia sorbilis é cultivada em várzeas sombreadas das florestas da Amazônia e produz frutos com casca marrom escura e polpa com sabor doce-azedo. Essa combinação de características torna o fruto ideal para a produção de sucos, geleias, sorvetes e doces. Mesmo com alta acidez, similar a outras frutas ácidas comumente consumidas, o fruto apresenta potencial de aceitação no mercado alimentício.
Um dos desafios enfrentados é a pericibilidade do fruto, cuja vida útil não ultrapassa 48 horas, resultando em significativas perdas pós-colheita no Brasil. Reduzir o desperdício é crucial, considerando que as perdas de alimentos representam um impacto econômico global de cerca de US$ 1 trilhão. Métodos de extração mais eficientes podem minimizar esse impacto e potencializar a aplicação da pectina em diversas indústrias.
A extração tradicional de pectina envolve o aquecimento de soluções ácidas. Entretanto, essa prática gera grandes volumes de efluentes ácidos, prejudiciais ao meio ambiente. Por outro lado, a extração por ultrassom não apenas otimiza o tempo, como também minimiza o consumo de solventes e reduz a geração de resíduos, alinhando-se à química verde e à busca por processos mais sustentáveis na indústria alimentícia.
A produção de pectina tem aplicações diversas, desde a emulsificação e estabilização de produtos alimentícios até o desenvolvimento de soluções para condições metabólicas na indústria farmacêutica. Com uma expectativa de crescimento de 6,3% ao ano, o mercado global de pectina deve expandir significativamente até 2034, destacando-se como um ingrediente vital em múltiplos setores.
Os resultados do estudo sobre A. sorbilis oferecem uma oportunidade de inovar e desenvolver novos produtos que valorizem a biodiversidade local, contribuam para a sustentabilidade econômica da região amazônica, e promovam práticas empresariais que respeitem o meio ambiente. Esta pesquisa marca um avanço significativo na valorização de recursos naturais, destacando a importância da aplicação de tecnologias verdes em processos industriais tradicionalmente menos sustentáveis.
