Valthos levanta US$ 30 milhões para enfrentar ameaças biológicas com IA em tempo real

A startup Valthos, especializada em inteligência artificial (IA) aplicada à biodefesa, anunciou sua estreia com um financiamento de US$ 30 milhões e o apoio do fundo de startups da OpenAI. A empresa tem como objetivo desenvolver uma infraestrutura tecnológica que permita detectar ameaças biológicas em tempo real e atualizar contramedidas médicas com a mesma velocidade.

O foco da Valthos surge em um contexto onde a biotecnologia está se tornando acessível em escala global, ao passo que os mecanismos de defesa existentes não conseguem acompanhar o ritmo das ameaças emergentes. Segundo a própria empresa, hoje é “mais rápido transformar a biologia em arma do que desenvolver novas curas”.

A proposta tecnológica da Valthos baseia-se em sistemas de IA treinados para analisar e caracterizar sequências biológicas com rapidez. Esses sistemas seriam capazes de adaptar medicamentos existentes, permitindo respostas dinâmicas a patógenos emergentes. A expectativa é que o tempo entre a identificação de um novo microrganismo e a implementação de uma resposta médica possa ser reduzido de meses para horas.

O time fundador combina experiência em áreas como aprendizado de máquina, neurociência computacional e ciências da vida, e inclui ex-membros de instituições como Palantir, DeepMind, Broad Institute e Arc Institute. Essa composição multidisciplinar visa endereçar os desafios na interseção entre inteligência artificial e biologia de forma integrada.

De acordo com a Valthos, os avanços mais recentes em biotecnologia apresentaram um risco significativo ao tornarem processos de bioengenharia mais acessíveis – inclusive para usos maliciosos. A empresa propõe enfrentar este novo cenário com um ecossistema tecnológico ágil, estruturado em um “tech stack” para a biodefesa.

Além do apoio da OpenAI, o financiamento inclui participações da Lux Capital e da Founders Fund, reforçando o interesse estratégico de investidores de tecnologia na segurança biológica. A startup está contratando pesquisadores e engenheiros para expandir a sua plataforma voltada a agências governamentais e instituições de pesquisa biomédica.

O lançamento acontece poucos dias após a RAND Corporation divulgar um relatório alertando para a falta de preparo dos governos diante de crises cibernéticas alimentadas por IA. Embora trate de outra dimensão tecnológica, o documento realça a urgência em aplicar IA também na contenção de riscos biológicos crescentes.

Ao introduzir uma resposta digital e baseada em IA nos sistemas de defesa biológica, a Valthos busca reposicionar o tempo como variável crítica: ser capaz de agir em minutos ou horas, ao invés de esperar por processos regulatórios e biomédicos que levam semanas ou meses.

Enquanto tradicionais plataformas de biodefesa ainda dependem de cadeias logísticas rígidas, produção em larga escala e testes clínicos demorados, a Valthos defende que a agilidade computacional pode oferecer resiliência imediata contra tanto surtos naturais como eventuais agentes patogênicos manipulados em laboratório.

“Neste novo mundo, a única saída é ser mais rápido”, escreveram os fundadores. Não se trata apenas de desenvolver novas vacinas ou medicamentos, mas garantir que as tecnologias sejam capazes de se adaptar rapidamente às ameaças, algo antes restrito à ficção ou aplicações militares de alto custo.

O modelo da empresa também acompanha uma tendência maior: o uso de IA para antecipar doenças. Tecnologias como o modelo Delphi-2M, que prevê o risco de mais de mil condições médicas com duas décadas de antecedência, indicam que a prevenção digital está se tornando um pilar não apenas da medicina personalizada, mas também da segurança pública.

Fonte: AI Biodefense Startup Valthos Launches With $30 Million, OpenAI Backing

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