O crescente enfoque global na bioeconomia circular está apresentando novas oportunidades para superar desafios ambientais e socioeconômicos, principalmente através da valorização de resíduos agrícolas. Um exemplo impulsionador desse avanço é a indústria da banana, destacando-se como fonte sustentável de matérias-primas para a produção de materiais biobaseados.
Anualmente, a produção global de bananas chega a cerca de 10 milhões de toneladas métricas, resultando em aproximadamente 3,5 milhões de toneladas de resíduos, apenas em cascas. Ademais, após a colheita, estima-se que quase 60% da biomassa de banana é descartada, incluindo notoriamente o tronco da bananeira. Esses resíduos, outrora considerados um desafio, hoje são vistos como um ativo valioso, capazes de transformar-se em biocombustíveis, e mais eficientemente em texteis sustentáveis, representando uma alternativa ao algodão, intensivo em recursos.
Em Uganda, segundo maior produtor de bananas do mundo, a startup comunitária TexFad tem liderado a valorização desse resíduo agrícola. Utilizando técnicas desenvolvidas para a extração de fibras de banana e produção de texteis de alta qualidade e artesanato biodegradável, a TexFad contribui significativamente tanto para a economia local quanto para o desenvolvimento sustentável da região, gerando renda adicional para os agricultores e proporcionando capacitação e emprego no processo.
A Índia, líder mundial na produção da fruta, segue com iniciativas como a empresa Atma Leather, que criou o ‘Banofi’, um material composto por 50% de resíduos do caule da banana. Esta inovação posiciona-se como uma alternativa sustentável à indústria de couro, destacando-se pelo emprego de 30% de aditivos naturais e 20% de polímeros reciclados, reduzindo a dependência de insumos fósseis poluentes e preservando recursos hídricos
O esforço da Índia na bioeconomia circular é ainda reforçado pela startup Greenikk, que se concentra no beneficiamento em larga escala de resíduos de banana para a confecção de tecidos, alavancando uma rede de mais de 600 artesãos, ao passo que busca atender às demandas dos mercados globais, incluindo Europa e EUA.
Em Bangladesh, a integração de conhecimentos tradicionais com novos materiais sinaliza outra aplicação promissora dos resíduos de banana, substituindo o algodão em saris tradicionais, exemplificando como práticas sustentáveis podem fomentar a resiliência socioeconômica local.
O contexto atual da bioeconomia realça a importância de empregar subprodutos biológicos sustentáveis, como forma de reduzir o impacto ecológico associado à produção intensiva de biomassa. Nesse panorama, a utilização de resíduos orgânicos abundantes é uma estratégia que oferece vantagens ambientais, ao evitar a degradação de ecossistemas e diminuir emissões de carbono, enquanto promove uma circularidade econômica robusta e equitativa.
Assim, a valorização de subprodutos da banana exemplifica um caminho para alcançar uma bioeconomia mais justa, com potencial de conferir segurança financeira a produtores em países de baixa e média renda, criando cadeias de valor sustentáveis e incentivando práticas econômicas mais resilientes e independentes.
Fonte: https://worldbiomarketinsights.com/how-can-bananas-build-a-more-equitable-bioeconomy/