A Tunísia está imersa em uma luta intensa contra cinco anos de seca severa, instaurando uma gama de medidas como restrições hídricas, aumento dos preços da água e até mesmo prisões para aqueles que violarem as políticas adotadas. A situação alarmante é resultado de verões sufocantes, invernos amenos e chuvas escassas – desafios constantemente exacerbados pelas mudanças climáticas.
No epicentro deste cenário de adversidades, o país assistiu recentemente ao primeiro aumento significativo no preço da água potável, que escalou em até 16%, como relatado no diário oficial. A decisão configura um esforço desesperado para gerenciar os recursos disponíveis, sobretudo diante das previsões de mais secas frequentes e intensas. Embora a medida não tenha impacto sobre os pequenos consumidores domésticos, instalações turísticas e consumidores excessivos serão duramente afetados.
Conforme o consumo de água aumenta, o preço sobe proporcionalmente, atingindo uma elevação de 12% para aqueles que excedem 40 metros cúbicos e chegando a um acréscimo de 16% para instalações turísticas e consumos superiores a 150 metros cúbicos. A medida surge em um momento em que os reservatórios do país acumulam apenas 35% de sua capacidade, ainda que recentes chuvas tenham oferecido um leve alívio.
Para além do enfrentamento imediato, a Tunísia considera soluções a longo prazo, como a dessalinização e o tratamento de águas residuais. A dessalinização já contribui com 6% do fornecimento de água doce do país, e há planos de expandir esta capacidade para atender a 30% das necessidades nacionais até 2030. Além disso, uma nova planta em Siliana no noroeste do país representa avanços significativos no tratamento de água, sendo capaz de eliminar 95% das impurezas.
As estratégias do governo não param por aí; restrições foram implementadas estabelecendo um sistema de cotas e até mesmo cortando o fornecimento de água durante a noite. O uso de água potável na agricultura, que outrora representava por volta de três quartos do consumo nacional, agora está proibido. Essa restrição já reflete uma queda na produção agrícola, com 60% de declínio na produção de grãos no ano anterior.
No entanto, o regime regulatório vai mais longe, com proibições também estendidas ao uso de água potável para lavagem de carros, limpeza de ruas ou espaços públicos e rega de áreas verdes, estabelecendo penalidades que vão de multas a encarceramento de até seis meses para quem desrespeitar as regras.
Diante dessa realidade, a Tunísia torna-se um exemplo de como regiões do Mediterrâneo e do Oriente Médio e Norte da África estão no fronte das regiões mais afetadas pelo estresse hídrico global. A ligação direta entre a estratégia hídrica e a mitigação das mudanças climáticas é evidenciada através de políticas rigorosas e a busca por soluções inovadoras para garantir um futuro mais resiliente diante dos desafios hídricos iminentes.