Em um mundo em constante mudança diante de desafios geopolíticos e climáticos, a estabilidade financeira, econômica e social se vê ameaçada pelo aquecimento do planeta. Com isso, a transição climática aparece como um imperativo não apenas ambiental, mas também como premissa para a solidez dos mercados. Diante deste cenário, surge o questionamento sobre como o setor financeiro pode ser um protagonista nesse processo de mudança, dirigindo recursos e influência para induzir políticas sustentáveis e práticas de descarbonização.
A transição climática é uma verdade incontestável que requer adaptações nos modelos produtivos e um reposicionamento estratégico frente às emissões de gases de efeito estufa (GEE). Isso envolve uma série de desdobramentos setoriais, incluindo a necessária transição energética e a busca por uma transição justa, garantindo equidade no processo. Governos desempenham papel crucial por meio de políticas públicas e acordos internacionais, como o firmado na COP28, que orienta a transição para longe dos combustíveis fósseis.
Contudo, a atuação do setor privado se revela igualmente crucial. Empresas são instadas a mitigar os riscos de transição, que passam a incorporar as realidades de possíveis taxações de carbono e crescentes litígios climáticos. Além disso, a transição cria demanda por novos produtos e serviços voltados à descarbonização, o que pode representar valiosas oportunidades econômicas dentro de uma economia de baixo carbono.
Neste contexto, investidores têm a responsabilidade de não somente apoiar os líderes em práticas sustentáveis, mas também de engajar e influenciar empresas de alta emissão de GEE no caminho da descarbonização. Esta abordagem implica em investimentos que vão além das classificações de ‘verde’ e ‘marrom’, propondo uma visão sistêmica e estratégica. O estudo desenvolvido pela Yale School of Management e pelo Boston College sugere que redirecionar investimentos das empresas marrons para as verdes pode não ser efetivo, enquanto o engajamento com as grandes poluidoras pode resultar em impactos mais significativos para a redução global de emissões.
Ao considerar o potencial transformador dos investimentos, torna-se claro que canalizar capital e conhecimento para impulsionar a transição climática nas empresas pode transcender a criação de valor financeiro e contribuir para combater a crise climática. Ações conscientes dos investidores podem garantir que a transição seja ágil, justa e baseada na ciência, e que os investimentos refletirão nas realidades dos mercados emergentes.
Portanto, investir na transição climática não é meramente uma aposta, mas uma certeza de que os modelos econômicos precisarão se adaptar às mudanças do clima. Para o setor financeiro, endossar essa transição significa alinhar negócios à ciência, à justiça e ao valor sustentável, representando uma oportunidade única de moldar um futuro resiliente e equitativo.
Fonte: https://capitalreset.uol.com.br/opiniao/como-o-setor-financeiro-pode-acelerar-a-transicao-climatica/