Um relatório publicado pela organização não-governamental Pesticide Action Network (PAN) Europe alarmou a população ao revelar um aumento expressivo na presença de substâncias tóxicas conhecidas como ‘forever chemicals’ ou PFAS, em frutas e vegetais consumidos na União Europeia. Os dados, coletados de monitoramentos oficiais de resíduos de pesticidas em alimentos, apontam para um crescimento de 220% na contaminação em frutas e 274% em vegetais ao longo da última década.
O estudo se detém em 31 tipos de Per- e polifluoroalquil substâncias, que devido à sua persistência no ambiente e dificuldade de eliminação, levantam preocupações sérias sobre a saúde pública. Com uma análise que abrange a Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Países Baixos e Espanha, percebe-se um aumento preocupante de PFAS em alguns produtos de verão, como morangos (534%), pêssegos (362%) e damascos (333%) comparativamente a outros períodos.
As evidências apontam para o fato de que escapar das PFAS é quase impossível, e que mesmo níveis tidos como legalmente aceitáveis podem ser prejudiciais. Produtos produzidos na Holanda e na Bélgica apresentaram os níveis mais elevados de PFAS, seguidos por Áustria, Espanha e Portugal. Além disso, frutas e vegetais importados de países como Costa Rica, Índia e África do Sul mostraram uma alta incidência destes resíduos de pesticidas.
A PAN Europe defende com urgência a proibição do uso de substâncias ativas de PFAS em pesticidas, uma posição que ecoa preocupações já documentadas sobre os sérios riscos que esses compostos representam à saúde humana, como danos ao desenvolvimento fetal, interferência no sistema endócrino e câncer.
Peter Pierrou, diretor de comunicações da Secretaria Internacional dos Produtos Químicos, deplora que a proposta de restrição da União Europeia para cerca de 10 mil PFAS, publicada em fevereiro de 2023, não inclui os pesticidas. Enquanto isso, Kevin Heylen, da CropLife Europe, argumenta que todas as substâncias no mercado ou em fase de testes são rigorosamente avaliadas para garantir a segurança humana e ambiental. Por outro lado, Dany Bylemans do centro de pesquisa de frutas pcfruit, manifestou desconhecimento sobre a presença de PFAS em frutas, citando análises realizadas pela Agência Alimentar Belga que não detectaram PFAS em produtos da região próxima a uma planta de produção da 3M.
Em resposta ao estudo da PAN Europe, a EFSA comunicou estar em processo de coleta de dados sobre a ocorrência de PFAS em alimentos e rações, seguindo uma chamada geral para o levantamento de contaminantes químicos nesses produtos. Enquanto o debate sobre a presença e proibição destas substâncias continua, a preocupação permanece alta nos consumidores e autoridades sanitárias europeias.