Preparando-se para um marco notável na valorização da cultura indígena e no fortalecimento da bioeconomia nacional, o povo Paiter Suruí, residente na Terra Indígena Sete de Setembro em Rondônia, anuncia a criação da primeira agência de etnoturismo do Brasil. Este empreendimento é um salto inovador no setor turístico, que permitirá ao mundo vivenciar a riqueza cultural e natural do povo Paiter Suruí.
O projeto intitulado Yabnaby – Espaço Turístico Paiter Suruí, que recebeu um investimento significativo de R$ 522 mil pelo Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), tem previsão de inicio das operações para 2025. O PPBio é uma política federal operante na Zona Franca de Manaus, coordenada pela ONG Idesam, que tem como foco a evolução econômica alinhada à sustentabilidade em toda a região amazônica.
A agência promete oferecer uma perspectiva única no etnoturismo, conduzindo turistas em uma jornada que mescla experiências virtuais interativas e aventuras presenciais profundas. Entre as ofertas estão banhos de rio, apreciação da gastronomia local, remédios naturais, danças, contação de histórias e exploração de trilhas florestais.
A liderança do projeto está a cargo de Almir Suruí, uma figura emblemática entre os povos originários e um referencial de empreendedorismo. Seus esforços, louvados em prêmios de direitos humanos a nível internacional, visam proporcionar geração de emprego e renda por meio desse nicho turístico autêntico e educativo.
O PPBio, por sua vez, é beneficiário do comprometimento proveniente da Lei da Informática, onde as indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus devem destinar parte dos seus lucros para pesquisas e desenvolvimentos regionais, o que inclui a estratégia de alavancar setores como o do turismo.
O programa já soma a cifra de R$ 129 milhões em aportes financeiros, com 61 projetos em fase de execução ou concluídos, e previsão de crescimento nos próximos meses. É uma atuação multidimensional da ONG Idesam, que há duas décadas dedica-se à estruturação de cadeias produtivas locais e à mitigação da pobreza, em consonância com a preservação ambiental.
O modelo de negócios da agência busca também a capacitação e formação de guias turísticos e profissionais da hospitalidade local até abril deste ano, aumentando as possibilidades profissionais na região.
Enxergar o papel dos indígenas como agentes autônomos do turismo, e não meramente como parte da atração, incorpora uma nova dimensão à bioeconomia, abrindo portas para um encontro mais justo e enriquecedor entre culturas e saberes milenares e o mundo contemporâneo. A estratégia engloba ainda a ideia de expansão desse modelo de etnoturismo a outras etnias, promovendo a autonomia e auto-suficiência em atividades turísticas locais.
O projeto Yabnaby é o testemunho da capacidade inovadora e resiliente do povo indígena brasileiro, que entretece de forma simultânea o resgate e a promoção de sua identidade cultural com práticas sustentáveis e prosperidade econômica para os envolvidos, apresentando um novo paradigma dentro do respeito ambiental e social.