Os desafios da bioeconomia na Amazônia.

O compromisso com o desenvolvimento sustentável da Amazônia se reflete nas atuais políticas e discussões que priorizam tanto o incremento na qualidade de vida dos habitantes locais quanto a preservação do meio ambiente. A região carrega um longo histórico de modelos de exploração que culminaram na destruição de 20% do bioma e na degradação de 38%, fenômenos que contribuíram para o paradoxo de imensa riqueza natural contrastando com a pobreza das comunidades locais.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nos seus 50 anos de existência, tem desempenhado um papel vital na transformação produtiva da região, focando na segurança alimentar e geração de renda para aproximadamente 700 mil produtores familiares. Com um investimento de 477 milhões de reais em 2022, a Embrapa propiciou um retorno social de 895 milhões de reais e a criação de mais de 4 mil empregos diretos por meio da adoção de suas tecnologias. Ao longo dos anos, mais de 200 soluções tecnológicas foram desenvolvidas para 50 cadeias produtivas, promovendo uma transição para práticas agrícolas que dispensam o desmatamento.

Entre as inovações, destaca-se o manejo de açaizais nativos, um modelo que não apenas resguarda a floresta em pé, mas que também permite que uma família extrativista obtenha uma renda bruta anual superior a 37 mil reais com o manejo de 15 hectares. Além disso, a Embrapa também endereçou o desafio relacionado aos 55 milhões de hectares de pastagens degradadas, as quais constituem mais de 80% da área desmatada na Amazônia. As alternativas apresentadas incluem pastagens diversificadas e enriquecidas com leguminosas nativas que funcionam como “biofábricas” naturais para a fixação de nitrogênio, eliminando a dependência por fertilizantes importados e reduzindo emissões de gases do efeito estufa em até 36%.

A agenda para uma bioeconomia inclusiva exige robustos investimentos públicos em ciência, capacitação e infraestrutura, bem como a colaboração de atores privados em políticas de Estado que englobem vários aspectos, incluindo manejo florestal, restauração produtiva, pagamento por serviços ambientais, descarbonização e intensificação sustentável. A abordagem deve respeitar a dimensão social, valorizando o trabalho, conhecimentos tradicionais, territórios e culturas dos povos da Amazônia, de forma a reverter o atraso tecnológico e elevar os índices de produtividade. Os caminhos para a prosperidade da Amazônia são entrelaçados com a necessidade de conceder foco à inclusão social e à valorização da biodiversidade.

Sublinhando a urgência e relevância dessas medidas, representantes da Embrapa, incluindo a presidente Silvia Massruhá, destacam que o futuro da Amazônia depende da conjugação de esforços e da implementação de estratégias que integrem todos os pilares de uma economia verdadeiramente regenerativa e colaborativa.


Fonte: https://exame.com/revista-exame/os-desafios-da-bioeconomia-na-amazonia/

Compartilhar