O impacto regional da autonomia estratégica aberta na União Europeia

A transição para a sustentabilidade na União Europeia está amplamente associada à promoção da autonomia estratégica aberta e da soberania tecnológica. À medida que essas políticas evoluem, suas implicações regionais são significativas e variadas, como detalhado no recente estudo conduzido por M. Trippl, L. Soete e outros. O artigo examina a eficácia dessas políticas dentro do contexto de desenvolvimento regional e estratégias de coesão econômica, social e ecológica.

Segundo o estudo, as políticas de autonomia estratégica visam permitir que a UE atue de maneira independente em áreas cruciais, incluindo economia, defesa e energia. Isso inclui identificar setores e tecnologias críticas para a segurança de longo prazo da Europa, como na defesa, transição de energia, produção de microchips e materiais críticos. A pesquisa destaca a importância de políticas que promovam a autonomia estratégica sem comprometer a sustentabilidade ambiental e social.

As regiões apresentam pré-condições diferentes para a emergência de novos caminhos industriais, dependendo de seus recursos naturais, capacidades de inovação, infraestrutura e vínculos externos. Regiões com sistemas robustos de inovação, particularmente em centros urbanos, são mais bem posicionadas para se beneficiar dessas políticas. Por outro lado, regiões menos desenvolvidas podem precisar reconfigurar seus vínculos não locais para atrair ativos essenciais ao desenvolvimento dos seus setores estratégicos.

O estudo também destaca riscos associados à extensão e transformação de caminhos industriais. Em regiões estabelecidas, pode-se observar uma atrativa extensão de indústrias existentes, mas que precisa ser equilibrada com inovações mais radicais. Nos centros emergentes, o desenvolvimento de caminhos industriais pode depender fortemente de investimentos subvencionados por grandes empresas, o que pode representar um risco se esses investidores optarem por sair da região em busca de melhores incentivos financeiros em outras localizações.

Outro aspecto crítico abordado é a sustentabilidade ambiental dos setores industriais estratégicos. Particularmente, a indústria de semicondutores apresenta impactos ambientais significativos devido ao consumo elevado de água e energia e à geração de resíduos perigosos. As regiões terão que enfrentar esses desafios territoriais ao desenvolver esses setores.

Finalmente, o artigo enfatiza a necessidade de adaptar políticas a contextos regionais específicos para maximizar seu impacto e eficácia. Políticas industriais que promovam OSA devem ser desenhadas considerando a diversidade regional para evitar impactos econômicos, sociais e ambientais negativos. A coordenação entre políticas nacionais e europeias, bem como a incorporação de objetivos de sustentabilidade e coesão social, são vitais.

Em resumo, a transição para a autonomia estratégica e a soberania tecnológica na UE deve ser implementada com um entendimento profundo das implicações e necessidades regionais. A promoção de novos caminhos industriais deve ser equilibrada com a sustentabilidade ambiental e a justiça social, evitando a simples transferência de impactos negativos para fora da Europa.

Fonte: Addressing the regional dimension of open strategic autonomy and European green industrial policy: New perspectives and pathways for impact

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