O caminho sustentável da bioeconomia e suas perspectivas para o Brasil

A bioeconomia tornou-se um vetor estratégico para o desenvolvimento do Brasil, uma nação que se identifica com suas riquezas naturais desde os primórdios da sua história. Com a necessidade de um crescimento econômico pautado pela sustentabilidade, o país tem diante de si uma oportunidade de alavancar sua economia baseando-se nos princípios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.

Um salto para uma economia robusta em bioeconomia requer mais do que simplesmente reconhecer o valor intrínseco dos seis biomas brasileiros e sua biodiversidade. Implica em um robusto processo de colaboração e compartilhamento de conhecimentos entre múltiplos atores sociais, incluindo comunidades tradicionais, pesquisadores acadêmicos e investidores. Vitalidade econômica e respeito ao meio ambiente devem andar lado a lado, e as provas dessa sinergia podem ser encontradas nas atividades que hoje movimentam cerca de 2 trilhões de euros no mercado mundial e geram aproximadamente 22 milhões de empregos, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A soberania em bioeconomia passa também pelo desafio de conhecer e explorar formas inéditas de produtos oriundos da nossa biodiversidade. Dados do Projeto Flora do Brasil, coordenado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, destacam a existência de cerca de 33 mil espécies de plantas, com mais de três mil espécies com potencial alimentício ainda pouco explorado. Isso aponta para um horizonte rico em possibilidades, tanto no âmbito da segurança alimentar, quanto em setores como o farmacêutico, cosmético e turístico.

O papel da bioeconomia na história do Brasil é longo e variado, marcado por ciclos de desenvolvimento que alternaram entre a exploração de produtos nativos, como o Pau Brasil e a borracha, e culturas trazidas de outros países, a exemplo da cana-de-açúcar, do café e da soja. Porém, a visão para o futuro, conforme ressaltado pelo economista Ignacy Sachs, coloca uma lupa sobre a necessidade de uma inovação genuinamente brasileira, tirando partido de uma biodiversidade singular e ainda não plenamente aproveitada.

Da plena compreensão dessa riqueza, destacada desde a carta de Pero Vaz de Caminha, evidencia-se a necessidade de atribuir valor não somente ao que pode ser contabilizado e negociado em bolsa, mas também aos serviços ambientais prestados por nossas florestas e ecossistemas. A bioeconomia brasileira está intimamente ligada não somente às commodities, mas também à capacidade de conservação e uso sustentável de seus recursos naturais.

Diante do desafio de preservar enquanto se prospera, o Brasil possui um palco natural único para se estabelecer não só como um competidor, mas como um líder na economia global, trazendo à tona oportunidades de negócios que se alinham aos ODS e também à crescente busca mundial por produtos naturais e sustentáveis. A bioeconomia surge como uma visão de ciclo longo, na qual se respeita o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação das condições ambientais, garantindo assim qualidade de vida e um futuro promissor para as próximas gerações.


Fonte: https://envolverde.com.br/politica-publica/bioeconomia-objetivos-e-oportunidades-para-o-brasil/

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