O caminho para a conservação e valorização econômica da Amazônia: fortalecer a bioeconomia

A necessidade de desacelerar e reverter o desmatamento e a degradação da terra na Amazônia não se resume apenas a esforços de conservação, mas inclui a urgência de incrementar o valor econômico das florestas primárias existentes por meio de uma abordagem direcionada à bioeconomia. Esta é uma argumentação defendida por Robert Muggah, co-fundador do Instituto Igarapé, destacando que uma bioeconomia engloba práticas como a agricultura regenerativa, energia sustentável, e outras atividades que capitalizam os ativos naturais da floresta, garantindo benefícios econômicos para as comunidades locais.

No entanto, a expansão da bioeconomia enfrenta desafios significativos, entre eles a resistência dos setores extrativistas, os riscos de investimento e a necessidade de infraestrutura, pesquisa e suporte para empreendimentos locais. Apesar desses obstáculos, Muggah destaca que avançar a bioeconomia é essencial para o desenvolvimento sustentável e a descarbonização na Amazônia e, por extensão, é crucial para o mundo.

O artigo pontua que a Bacia Amazônica, repleta de florestas tropicais, representa uma defesa vital contra o aquecimento global. Mas o desmatamento conjunto com o clima extremo estão impulsionando a pior seca em cinquenta anos na região. O desmatamento para dar espaço a gado e soja está desestabilizando microclimas, fazendo com que o fenômeno do El Niño aqueça ainda mais a temperatura, reduzindo a precipitação e secando plantas e solos.

Se o aquecimento e o desmatamento persistirem, partes da região podem atingir um ‘ponto de virada’, transformando a floresta tropical em savana. Levando em consideração que a Amazônia armazena 150 bilhões de toneladas métricas de carbono – mais de dez vezes o total das emissões anuais de gases de efeito estufa globais – as implicações vão muito além das Américas.

A postagem evidencia que proteger e conservar as florestas tropicais é vital para reequilibrar o planeta, mas isso requer uma mudança de mentalidade. Trata-se de não somente proteger e conservar florestas e biodiversidade, mas também investir no estado de direito e desenvolver modelos econômicos novos que ofereçam alternativas viáveis ao desmatamento. A mudança de mentalidade é urgentemente necessária na Amazônia.

A abordagem da bioeconomia pode potencialmente ajudar o Brasil a reduzir as emissões de dióxido de carbono em 550 milhões de toneladas e gerar $284 bilhões por ano até 2050. O ‘esqueleto’ da bioeconomia da região está começando a ser construído e precisa ser acelerado. Por exemplo, no final de 2022, o estado do Pará apresentou um plano de bioeconomia na COP27, avaliado em $232 milhões até 2028.

Contudo, há resistência significativa à bioeconomia por parte de muitos setores extrativistas e grupos de interesse que se sentem ameaçados por qualquer mudança no status quo. Além disso, muitos investidores ainda precisam ser convencidos, temendo os riscos de investir em configurações complexas como a Amazônia. Escalar a bioeconomia requer pesquisa sustentada, infraestrutura acessível, capital paciente e novas cadeias de suprimentos resilientes.

No fim das contas, o artigo argumenta que passar de modelos de produção economicamente extrativistas para modelos verdes na Amazônia não é apenas um imperativo estratégico nacional ou regional, é uma questão de sobrevivência humana. A transição para uma bioeconomia regional é uma das várias estratégias baseadas na natureza com potencial de mudança de jogo, e enquanto a bioeconomia detém um enorme potencial, também enfrenta riscos oriundos do crime ambiental e das indústrias legadas. É possível construir uma economia verde na Amazônia que beneficie tanto a floresta quanto seus habitantes, ao mesmo tempo que faz contribuições significativas para a descarbonização.


Fonte: https://goodmenproject.com/featured-content/to-reverse-deforestation-and-protect-biodiversity-build-a-bioeconomy-in-the-amazon-commentary/

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