A era da bioeconomia está ganhando novos contornos com a emergência de microorganismos selvagens que prometem revolucionar o campo da biomanufatura. Dr. Tim Wannier, CEO e cofundador da Wild Microbes, tem uma visão audaciosa para o futuro desse setor, ancorado na diversificação e domesticação de microorganismos capazes de serem os novos protagonistas da bioeconomia. Durante a conferência SynBioBeta, o potencial para ampliar a variedade de produtos disponíveis e melhorar os processos de produção veio à tona como um tema central.
No coração desta inovação, encontram-se microorganismos selvagens com capacidades ainda não exploradas. Wannier enfatiza a necessidade de passar de fontes de carbono convencionais como a glicose para correntes de resíduos industriais e dióxido de carbono capturado ou reciclado. Para tal, são necessários novos hospedeiros microbianos que possam usar essas correntes alternativas como base para a conversão e reciclagem de carbono. Este movimento poderá não apenas alterar o modelo econômico da fermentação de precisão, mas também tornar os processos mais eficazes, adaptando as condições operacionais, como temperatura, pressão e pH, a esses novos organismos.
A domesticação desses microorganismos selvagens se apresenta como um desafio técnico de grande magnitude. Demandando habilidades sofisticadas em microbiologia, essa domesticação envolve etapas que vão desde a cultura em laboratório até a engenharia em escala de biblioteca de hospedeiros selvagens. Wannier ressalta o uso de uma biblioteca extensa de partes de componentes e uma técnica inovadora conhecida como recombineering, que, diferentemente do mais conhecido CRISPR/Cas9, insere modificações nos genomas de microorganismos de forma bem tolerada pelas células bacterianas. Esse método promete acelerar a capacidade de realizar bilhões de edições em uma população de células.
A Wild Microbes não se posiciona como uma empresa de ingredientes, mas como uma companhia de tecnologia de plataforma, buscando habilitar a transição para uma bioeconomia mais robusta, diminuindo a taxa de falhas de projetos emergentes. Tal abordagem poderá reduzir significativamente a necessidade de alterações nos microorganismos e manter os organismos mais próximos do seu estado nativo. Esse direcionamento não somente diminuirá os custos, mas também viabilizará uma economia mais vantajosa.
O pioneirismo no uso de hospedeiros microbianos recém-isolados também oferece uma vantagem significativa no que diz respeito à propriedade intelectual, abrindo um novo campo de patentes e direitos de exploração para uma ampla variedade de biomoléculas e otimização de caminhos metabólicos. Com parcerias já estabelecidas no setor de ingredientes alimentares e outras em fase final de negociação, a Wild Microbes apresenta-se como um agente potencializador da inovação na bioeconomia.