Mapas com inteligência artificial revelam déficit de fósforo no solo da Amazônia

Estudos recentes mostram a necessidade de compreender as florestas tropicais como a Amazônia na atual vigência das mudanças climáticas. Nesse cenário, a pesquisa liderada pelo pós-doutorando João Paulo Darela Filho trouxe avanços significativos ao desenvolver mapas que descrevem os níveis de fósforo no solo amazônico com precisão inédita, utilizando inteligência artificial.

Essa descoberta não é trivial: a quantidade de fósforo influencia diretamente na capacidade das florestas de responderem a alterações atmosféricas significativas, como o aumento de CO2. Através de modelos estatísticos avançados, os pesquisadores concluíram que a região possui concentrações muito baixas do mineral, trazendo implicações diretas para a dinâmica de crescimento das espécies vegetais locais.

A abordagem inovadora se baseou em um conjunto de dados de 108 locais na Amazônia, resultando em modelos de regressão de floresta que apresentaram níveis de precisão acima dos 64% na previsão das diferentes formas de fósforo. Isso indica que a metodologia aplicada é robusta e fornece insights valiosos para futuras pesquisas.

Com uma concentração média de fósforo total de 284,13 mg/kg, a Amazônia se posiciona bem abaixo da média global, que é de 570 mg/kg. Os mapas indicam que as áreas mais ricas em fósforo estão na junção entre os Andes e a bacia amazônica, enquanto as regiões de baixadas, mais à leste, mostram níveis inferiores.

A importância desta pesquisa transcende a simples parametrização de dados locais; ela tem o potencial de aprimorar modelos que simulem e prognostiquem o comportamento dos ecossistemas terrestres sob diferentes circunstâncias ambientais, incluindo respostas do bioma amazônico a perturbações antropogênicas e climáticas.

O uso de algoritmos de aprendizado de máquina reforça uma tendência crescente na ciência de dados aplicada ao estudo de ecossistemas, abrindo caminho para que outros pesquisadores possam explorar como a Amazônia responderá a impactos futuros induzidos por mudanças no clima global.

Por fim, é importante mencionar que estudos relacionados alertam para um potencial ‘ponto de não retorno’ que a Amazônia poderia atingir até 2050, fase na qual as intervenções no ecossistema poderiam ser tão severas que levariam a uma transição abrupta para um bioma tipo savana, detrimentos gravemente seu papel crítico no sequestro de carbono.

Fonte: Mapas desenvolvidos com inteligência artificial confirmam baixos níveis de fósforo no solo da Amazônia. https://agencia.fapesp.br/mapas-desenvolvidos-com-inteligencia-artificial-confirmam-baixos-niveis-de-fosforo-no-solo-da-amazonia/51443, DOI: 10.25824/redu/FROESE.

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