Introdução à Bioeconomia e o Papel da Mandioca na Colômbia
A bioeconomia tem se firmado como uma questão estratégica de política pública ao redor do mundo. Mais de 60 países, incluindo vários da América Latina, têm incorporado a bioeconomia em suas estratégias nacionais. Nesse contexto, a Colômbia enxerga na bioeconomia um caminho inovador para diversificação econômica, manifestado em iniciativas como a Política de Crescimento Verde e a Missão Internacional de Especialistas de 2019. Estas iniciativas definem a bioeconomia como a “gestão eficiente e sustentável da biodiversidade e biomassa para gerar novos produtos, processos e serviços de valor agregado baseados no conhecimento e inovação”. O país estabeleceu metas ambiciosas para 2030, incluindo uma contribuição de 10% da bioeconomia para o PIB e a geração de pelo menos 100 mil empregos.
Importância Global e Local da Mandioca
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é destacada como um cultivo chave para a bioeconomia devido ao seu conteúdo de amido, útil para a produção de bioetanol, bioquímicos e bioplásticos. A América Latina é uma importante região produtora de mandioca, com o Brasil e o Paraguai como principais produtores. Na Colômbia, a mandioca é produzida em todos os 32 departamentos do país, sendo um recurso com potencial significativo para geração de emprego tanto na produção primária quanto no processamento para uso em várias indústrias.
Para avaliar o potencial da mandioca, foi utilizada a metodologia de “web de valor”, que permite uma rápida avaliação do potencial de um bio-recurso. Essa abordagem é multidimensional e considera todas as partes do recurso (raízes, caules, folhas, etc.) e seus diferentes usos atuais e potenciais. O estudo também mapeou os atores envolvidos e como eles se relacionam uns com os outros, identificando ligações comerciais, financeiras e de conhecimento.
Oportunidades e Desafios para a Mandioca na Bioeconomia Colombiana
A análise revela várias oportunidades para a mandioca na bioeconomia colombiana. Há uma demanda insatisfeita por amido de mandioca, evidenciada pelas importações para a indústria alimentícia. Além disso, há potencial de mercado para a mandioca na indústria de alimentação animal e para a produção de bioplásticos. No entanto, desafios significativos incluem a baixa produtividade da cultura na Colômbia em comparação com líderes mundiais e acesso limitado a financiamentos para pequenos produtores. A promoção de uma bioeconomia sustentável requer abordagens que considerem impactos ambientais, como o uso de água e a preservação da biodiversidade.
A mandioca emerge como um recurso com alto potencial para contribuir significativamente para a bioeconomia na Colômbia. Para alcançar esse potencial, é essencial aumentar a produtividade da cultura, promover cadeias de suprimentos inclusivas, e incentivar a inovação para o desenvolvimento de produtos baseados em resíduos de mandioca. É fundamental também uma transição para práticas agrícolas sustentáveis e a consideração de biorefinarias que maximizem o uso de resíduos. A mandioca, com seu papel emergente, pode servir como modelo para avaliar o potencial de outros recursos biológicos na Colômbia.
Fonte: N. Canales e M. Trujillo, “The cassava value web and its potential for Colombia’s bioeconomy,” Stockholm Environment Institute Working Paper, Stockholm, Suécia, Dec. 2023. [Online]. Disponível em: https://www.sei.org/publications/la-red-de-valor-de-la-yuca-y-su-potencial-en-la-bioeconomia-de-colombia/. DOI: https://doi.org/10.51414/sei2023.038.