João Moreira Salles e a visão para a bioeconomia na Amazônia

O cineasta e documentarista João Moreira Salles, após uma imersão de seis meses na Amazônia que gerou uma série de reportagens e um livro chamado Arrabalde, redescobriu o valor inestimável da floresta para o Brasil e para o mundo. Destacando que a preservação da biodiversidade amazônica é um dever civilizatório, Salles se consolida como uma importante voz na luta contra o desmatamento e na promoção de um futuro sustentável.

Além de suas conquistas no cinema documental, Salles agora assume um papel de liderança na bioeconomia por meio da re.green, uma empresa dedicada à restauração ecológica de matas nativas no Brasil. Com a visão de que as árvores do trópico absorvem carbono mais eficientemente e que o Brasil possui vastas áreas propícias à restauração florestal, ele sugere um projeto maciço que não somente protegeria o ambiente, mas também colocaria o país em uma posição de destaque na solução de desafios climáticos globais.

É importante destacar que o trabalho da re.green não é apenas focado em reflorestamento, mas em restauração ecológica, com um entendimento de que as infraestruturas naturais são tão essenciais quanto as de concreto. Nesse contexto, o mercado de carbono surge como um motor econômico para financiar essas iniciativas, fornecendo um retorno financeiro baseado na capacidade das árvores de sequestrar carbono atmosférico.

Salles também chama a atenção para o papel da cultura na valorização da Amazônia. Ele defende a criação de um imaginário nacional que fomente a relação afetiva para com o bioma, aumentando, assim, o interesse e o respeito pelo mesmo entre os brasileiros. Impulsionar o turismo interno e a apreciação da biodiversidade são passos que considera cruciais nesse processo.

Em meio aos graves desafios enfrentados pela floresta, que incluem a presença do crime organizado e a complexidade de recuperar a governança ambiental após anos de desmonte, Salles mantém-se otimista sobre o futuro da Amazônia. Ele acredita que, alinhando interesses internacionais e valorizando os serviços ambientais que a floresta proporciona, há uma trajetória promissora para sua proteção e restauração, muito além de meros interesses econômicos.

Finalmente, movimentos como o grupo Amazônia 2030 e o lançamento da candidatura de Belém para sediar a COP30 reforçam a mensagem de que a Amazônia não é apenas um tesouro nacional, mas um recurso crítico para o equilíbrio climático global. As iniciativas de Moreira Salles, portanto, representam um passo significativo nas estratégias do Brasil para abraçar seu potencial como uma potência ambiental dos trópicos.


Fonte: https://umsoplaneta.globo.com/sociedade/noticia/2023/02/01/e-nosso-dever-civilizatorio-proteger-a-amazonia-diz-joao-moreira-salles.ghtml

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