Inpe aperfeiçoa mapeamento do uso do solo em São Paulo via imagens de satélite

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) anunciou um avanço significativo em técnicas de sensoriamento remoto para o mapeamento de uso e cobertura do solo no Estado de São Paulo. As novas metodologias, publicadas na revista Forests, estão proporcionando mapas mais precisos ao incorporar a expertise humana na pré-seleção de imagens de satélite antes de sua análise com algoritmos avançados.

Segundo o estudo, áreas florestais estão predominantemente localizadas nas encostas leste do território, somando 19% da área observada. Enquanto isso, a pastagem e a agricultura dominam 73% da região, sendo 39% e 34% respectivamente. Utilizando-se de comparações com o Projeto MapBiomas, a equipe alcançou uma acurácia de 85,47% em seus resultados.

A inovação da técnica repousa no uso de características espectrais e temporais para identificar a melhor janela de análise para cada uma das seis categorias predefinidas de uso do solo. A equipe do INPE explorou mosaicos do satélite Landsat-8 OLI, da NASA, e o período escolhido foi estratégico para cada tipo de cobertura, otimizando a classificação.

A pesquisa revelou que, para diferentes categorias do solo como corpos d’água, áreas urbanas e florestas, períodos específicos do ano elevam a precisão da classificação. Por exemplo, enquanto imagens do ciclo completo de 2020 foram mais eficazes para corpos d’água, a estação seca de maio a setembro do mesmo ano foi mais adequada para destacar áreas urbanas e florestais.

Outro desafio superado pela equipe foi distinguir florestas plantadas de florestas permanentes, uma distinção crucial que demandou imagens de vários anos, dada a temporalidade inerente às florestas de eucalipto com ciclos de corte de cinco a sete anos.

Para aprimorar a precisão do mapeamento, métodos sofisticados como a utilização de bandas espectrais, índices espectrais e imagens de fração foram empregados. O algoritmo Random Forest se destacou como ferramenta eficaz na plataforma Google Earth Engine (GEE).

O estudo faz parte de um projeto maior, financiado pela FAPESP, que busca mapear e analisar mudanças de uso e cobertura do solo ao longo de cinco décadas. Apesar dos desafios impostos pelas nuvens e sombras nas imagens, a pesquisa conseguiu contornar esses obstáculos e combinar dados de diferentes satélites para obter a melhor resolução possível.

De significativa relevância para projetos de sustentabilidade e bioeconomia, o método desenvolvido pelo INPE promete não só melhorar a gestão de recursos naturais, mas também servir como uma ferramenta substancial para compreender as mudanças climáticas globais. Além disso, a metodologia pode ser adaptada para outras regiões e períodos, aumentando seu valor e aplicabilidade prática.


Fonte: https://agencia.fapesp.br/grupo-do-inpe-aprimora-metodo-para-mapear-uso-e-cobertura-do-solo-a-partir-de-imagens-de-satelite/51028

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