Títulos verdes impulsionam práticas sustentáveis no financiamento governamental
Uma inovação financeira acaba de ser lançada pelo Governo Federal do Brasil: os chamados títulos verdes ou green bonds. Essa novidade, que carrega um selo de boas práticas em áreas ambientais, sociais e de governança (ESG), vem como resposta às crescentes demandas por investimentos sustentáveis. O título, com prazo de sete anos e vencimento previsto para 2031, tem por finalidade financiar projetos que entreguem benefícios ambientais e sustentáveis. A emissão desses títulos será feita em dólares no mercado internacional, marcando um passo significativo na atração de investimentos voltados para a sustentabilidade.
Sob a estrutura dos títulos verdes, os recursos obtidos são estritamente direcionados para iniciativas sustentáveis, como por exemplo, a transição energética e transporte sustentável. É um compromisso que o emissor, neste cenário, o governo brasileiro, assume com os investidores – garantindo que o capital levantado será destinado a fomentar a agenda ambiental pública.
A distinção dos green bonds face aos títulos convencionais está, primordialmente, na transparência e o propósito específico que os acompanha. Isto é, enquanto títulos tradicionais podem financiar uma gama mais ampla de necessidades públicas, os títulos verdes possuem uma destinação mais focada e comprometida com o ambientalismo e a responsabilidade social.
O Arcabouço Brasileiro Para Títulos Soberanos Sustentáveis, documento lançado pelo governo no início de setembro, detalha as políticas sustentáveis que o Brasil se compromete em adotar como parte deste movimento. Além de listar os tipos de despesas que serão permitidas pelo dinheiro arrecadado, o documento dá exemplos de projetos específicos a serem financiados, como o Bolsa Verde, o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Estes projetos, por sua vez, terão seus impactos medidos e reportados até o fim do prazo de vencimento dos títulos.
De acordo com o Tesouro Nacional, o ambiente e projetos sociais serão os principais destinatários dos fundos levantados, representando entre 50% a 60% e 40% a 50% do total, respectivamente. A iniciativa marca um avanço significativo para o país, conferindo-lhe um papel de destaque no cenário das finanças sustentáveis globais.
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressalta que essa estratégia visa atrair investimentos estrangeiros para o Brasil. Especialistas observam que, apesar de a emissão de títulos verdes ainda não ser o principal mecanismo de financiamento de projetos ambientais e sociais, a tendência é que haja um crescente interesse por ativos com benefícios socioambientais. A iniciativa também pode estabelecer um precedente positivo para o mercado privado, que poderia olhar para os esforços do Tesouro Nacional como modelo a ser seguido.
Fonte: https://www.estadao.com.br/economia/titulos-verdes-green-bonds-entenda-o-que-sao-nprei/