Na recente COP28, líderes do setor de laticínios, incluindo gigantes globais como Nestlé e Danone, declararam um compromisso coletivo para aumentar a transparência e a ação em relação às emissões de metano relacionadas à produção de laticínios. Com quase 40% das emissões de metano provenientes da agricultura a nível mundial, e o setor de laticínios contribuindo com aproximadamente 10%, a necessidade de medidas específicas é urgente e imperativa.
A iniciativa, chamada de Dairy Methane Action Alliance, foi impulsionada pela organização sem fins lucrativos Environmental Defense Fund (EDF) e também conta com a participação de Lactalis USA, General Mills, Kraft Heinz e Bel Group. Essas empresas se comprometeram com dois marcos principais: mensurar e divulgar publicamente suas emissões de metano, e elaborar planos de ação detalhados sobre como suas emissões relacionadas à produção de laticínios serão reduzidas.
As companhias terão até meados de 2024 para divulgar suas emissões de metano e até o final do mesmo ano para finalizar o plano de ação, contando com orientação técnica da EDF. Este apoio técnico incluirá as melhores práticas para contabilização e divulgação e acesso a novas pesquisas e soluções emergentes, visando orientar as empresas a partir de seus alcances completos para os componentes específicos de metano em suas operações. Paralelamente, a organização sem fins lucrativos Ceres liderará o desenvolvimento de um modelo de plano de ação de metano e auxiliará na revisão do progresso das empresas, com resultados igualmente divulgados ao público.
Ao contrário de outras iniciativas de sustentabilidade, a Dairy Methane Action Alliance não estipula um alvo específico de redução de metano para as empresas participantes. Isso sugere uma abordagem que privilegia a ação e a responsabilização sobre a fixação de metas específicas. Katie Anderson, da EDF, enfatiza que a abordagem proposta é sobre ‘colocar um holofote e impulsionar ação e responsabilidade sobre o metano especificamente’.
Chris Adamo, da Danone, apontou que não existe uma solução única para a questão, destacando a necessidade de analisar um leque de opções que incluem gestão do rebanho, gerenciamento de esterco e inovações que reduzam a fermentação entérica. As estratégias financeiras para apoiar os agricultores nesta transição também estarão no centro das discussões.
Apesar da ausência de metas específicas de redução de metano, espera-se que as empresas proporcionem mudanças impactantes até 2030. Danone se destaca por já ter estabelecido metas específicas de redução de metano para laticínios, enquanto as demais empresas participantes possuem compromissos ambientais variados que envolvem distintos aspectos da sustentabilidade.
A iniciativa recebeu boas-vindas da Federação Internacional de Laticínios (IDF), que a vê como um bom exemplo da capacidade do setor em endereçar, através de uma ação coletiva, os desafios de segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e meios de vida. No entanto, resta a expectativa sobre a eficácia das etapas propostas pela aliança em induzir mudanças significativas nos maiores produtores de laticínios.