Estudo mostra aumento alarmante de ‘forever chemicals’ em frutas e vegetais na UE

Um estudo recente da ONG Pesticide Action Network Europe (PAN Europe) acendeu novamente as discussões sobre a proibição dos compostos PFAS, conhecidos como ‘forever chemicals’, evidenciando um aumento preocupante na presença dessas substâncias em frutas e vegetais comercializados na União Europeia.

Os dados, compilados a partir de programas nacionais de monitoramento de resíduos de pesticidas nos alimentos, abordaram um período de 10 anos, de 2011 a 2021, e incluíram amostras de países como Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Países Baixos e Espanha. A detecção dessas substâncias em frutas não biológicas aumentou em 220%, e em vegetais, um alarmante 274%. Destacam-se o crescimento nas ocorrências em damascos (333%), pêssegos (362%) e morangos (534%).

O relatório apontou maior contaminação nas frutas de verão produzidas dentro da UE, como morangos, pêssegos e damascos, e em vegetais como chicórias, pepinos e pimentões. Salomé Roynel, oficial de políticas da PAN Europe, instiga pela proibição do uso de PFAS em pesticidas e pela cessação de sua manufatura e exportação, citando a toxicidade amplamente documentada destas químicas, que incluem riscos a crianças não nascidas, danos cerebrais, disruptura do sistema endócrino e câncer.

No entanto, representantes de grupos de pesquisa e indústrias ligadas aos agroquímicos defendem que os produtos de proteção de plantas disponíveis no mercado são extensivamente testados e regulados de maneira a prevenir impactos negativos à saúde humana e ambiental.

A questão da presença de PFAS em alimentos ganha ainda mais relevância quando se observa que, segundo a ONG, todo nível de exposição é considerado problemático, indo além dos limites legais atualmente aceitos como seguros. Países como Holanda e Bélgica lideram na produção desses alimentos com níveis mais elevados de PFAS, enquanto frutas e vegetais importados de países como Costa Rica, Índia e África do Sul também mostraram grandes incidências de resíduos desses pesticidas.

O estudo da PAN Europe chega em um momento crítico, já que em fevereiro de 2023, a Agência Europeia de Químicos (ECHA) propôs restringir cerca de 10.000 substâncias PFAS. No entanto, o projeto de proibição não contempla pesticidas, o que desperta críticas de ambientalistas e organizações preocupadas com a sustentabilidade e saúde humana.

Enquanto a controvérsia continua a ser debatida entre especialistas, a União Europeia está coletando dados sobre a ocorrência de PFAS, seguindo um chamado geral para informações sobre contaminantes químicos em alimentos e rações. Este estudo sublinha a importância de se compreender e agir sobre os perigos que os ‘forever chemicals’ representam não só para o ambiente, mas para a saúde pública.


Fonte: https://www.euronews.com/green/2024/02/27/fruit-and-veg-increasingly-tainted-by-forever-chemicals-ngo-warns

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