Um estudo realizado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e publicado na revista Ecological Economics revela dados contundentes sobre o papel das áreas protegidas na contenção de incêndios na Amazônia. Este estudo meticuloso é amplamente reconhecido como o primeiro de sua magnitude a abordar a influência das áreas protegidas na redução de ocorrências de fogo em uma escala temporal e geográfica abrangente.
Com uma análise detalhada de mais de 87 mil pixels via satélite – representando áreas de 25 km² – ao longo de 18 anos, os pesquisadores concluíram que as áreas protegidas registraram um impressionante 67% menos área queimada em relação a locais sem a mesma proteção. Isso sublinha a eficácia das áreas protegidas não apenas na preservação da biodiversidade e no combate à emissão de gases estufa, mas também no controle direto da incidência de fogo provocado por ação humana.
Em um olhar mais detalhado, o estudo diferencia os tipos de proteção, distinguindo entre áreas de uso direto e indireto. Evidenciou-se que a redução mais significativa no fogo ocorreu nas áreas protegidas estaduais. Esta observação é crucial, pois aponta diretamente para a necessidade de políticas públicas que fortaleçam essas áreas, tendo em vista que um recuo de 11% para o desmatamento anual foi observado de 2017 a 2020, comparado com o período de 2003 a 2016. Infelizmente, esta melhora geral não se refletiu em uma diminuição de desmatamento nas áreas protegidas, o que aumentou em 74% dentro dessas regiões no mesmo intervalo de tempo.
Diante dos resultados, a pesquisa oferece uma orientação firme para a formulação de políticas públicas voltadas à criação e manutenção de áreas protegidas. Essas políticas poderão cumprir metas importantes da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas. No entanto, o estudo nos alerta sobre os riscos que essas áreas enfrentam. Expansão agropecuária e degradação florestal representam ameaças possíveis, podendo neutralizar os benefícios das unidades de conservação no combate a incêndios, colocando em xeque as metas estabelecidas no Acordo de Paris.
A recomendação dos autores é clara: para que o “efeito contra fogo” das áreas protegidas seja preservado, é vital que o governo brasileiro invista em fiscalização e gestão dessas áreas. Este estudo é um chamado à ação, demonstrando que áreas protegidas, além de protegerem a biodiversidade, têm o poder de conter distúrbios ambientais de grande impacto, como incêndios florestais.
A bioeconomia, interligada com práticas sustentáveis e o equilíbrio ecológico, é reforçada por pesquisas como esta, que endossam a criação e manutenção de áreas protegidas como estratégias efetivas na conservação ambiental. Como líderes visionários da indústria e engajados nas questões de ESG (environmental, social, and governance), é imperativo que sigamos essas diretrizes para uma gestão sustentável dos recursos naturais da Amazônia.