O Brasil apresenta-se como protagonista potencial na economia baseada no capital natural, procurando harmonizar o crescimento econômico com a preservação ambiental e o bem-estar social. Nesse cenário, duas instituições brasileiras, os institutos Arapyaú e Agni, lançaram em 2023 a Estratégia para fortalecer CT&I em bioeconomia na Amazônia. Este plano ambicioso visa revisitar o sistema de ciência, tecnologia e inovação da Amazônia, com foco em uma agenda de bioeconomia de base florestal e desenvolvimento regional.
Esta estratégia faz um paralelo com marcos anteriores de sucesso do Brasil na área de CT&I, como a revolução da cultura da soja e o programa Proálcool, enfatizando a capacidade de transformação quando há metas claras, investimentos e cooperação estratégica. Partindo de colaborações com atores diversificados, desde acadêmicos até organizações civis, o diagnóstico realizado identificou frentes prioritárias de atuação e delineou diretrizes e alavancas para a promoção da bioeconomia amazônica.
A urgência da iniciativa se apoia no reconhecimento de que o fortalecimento de CT&I impulsionará a criação de valor e qualidade de vida na Amazônia, fomentando avanços no capital humano, na valorização da biodiversidade e no aumento da competitividade econômica. A proposta é responder ao desafio de uma transição para uma economia circular e descarbonizada, alinhada às demandas globais por soluções às crises ambiental e climática.
O diagnóstico também revela obstáculos como a insuficiência de investimento em CT&I na região amazônica e a necessidade de aperfeiçoar a gestão e a governança dos recursos. A descoordenação entre iniciativas existentes foi apontada como barreira para o aproveitamento pleno do potencial da bioeconomia, suscitando a necessidade de estabelecer ‘pontes’ entre diversos atores e projetos.
Citando exemplos de como a biodiversidade amazônica poderia ser melhor aproveitada e destacando os projetos interrompidos por falta de recursos regulares, a reportagem salienta a importância do investimento contínuo em CT&I. Discute-se a implementação de um novo paradigma de desenvolvimento que coloca o capital natural no centro do progresso econômico, ao invés de seguir um modelo extrativista e não sustentável.
Diante disso, especialistas defendem uma CT&I integrada que conecte ciência e mercado, favorecendo inovação orientada a missões. Estratégias discutidas incluem a criação de um instituto pan-amazônico – o Amazon Institute of Technology – e a ênfase na valorização do conhecimento local. A questão da governança, a necessidade de melhores práticas de gestão em instituições de pesquisa e a mobilização de recursos financeiros, tanto públicos quanto privados, são também focalizados.
Em um momento de reconhecimento internacional da Amazônia e dos povos indígenas em agendas climáticas e culturais, a reportagem enfatiza o papel inovador que a Amazônia pode desempenhar no estabelecimento de uma nova civilização, que respeite a biodiversidade e promova soluções sustentáveis. A estratégia para fortalecer CT&I em bioeconomia na Amazônia posiciona-se assim, não apenas como uma política regional, mas também como um farol ao mundo no caminho para um futuro mais verde e justo.
Fonte: https://pagina22.com.br/2024/01/31/cti-na-amazonia-e-hora-de-criar-pontes/