O avanço tecnológico na bioeconomia azul acaba de ganhar um novo marco com o emprego de espectroscopia Raman para controle de processo na demineralização de resíduos de crustáceos ou moluscos. Utilizando um método químico verde que emprega ácido acético, a técnica permite a obtenção de filmes poliméricos transparentes de quitina e subprodutos de acetato de cálcio. Estes produtos, conforme o estudo, apresentam aplicação potencial em materiais de alta performance e compostos farmacêuticos.
A demineralização é uma técnica crucial que influencia diretamente a qualidade do quitina obtida. Tradicionalmente, a utilização de ácido clorídrico é normalizada por remover eficientemente a componente mineral do material de base. Contudo, esse estudo emprega ácido acético, exibindo resultados promissores na preservação das qualidades moleculares intrínsecas do quitina.
Os investigadores relatam que as propriedades do filme de quitina são específicas para cada espécie de crustáceo e que a tecnologia Raman, de forma inovadora, permite o monitoramento do banho de demineralização, facilitando o controle do solvente e a tomada de decisões para a recuperação do acetato de cálcio como subproduto. O uso de espectroscopia Raman em linha apresentou excelente reprodutibilidade e adequação para avaliações in situ sobre o status da demineralização e controle de saturação do solvente.
A diversidade de aplicações para estes materiais obtidos de forma sustentável é vasta e inclui, conforme os pesquisadores, utilizações em medicamentos, aditivos alimentares, estabilizantes para nutracêuticos, entre outros. Além disso, esta abordagem alinha-se com os objetivos da economia circular do carbono e do plástico, sinalizando significativo impacto ambiental e econômico positivo.
O desejo de maximizar a reutilização de resíduos marinhos para a obtenção de compostos de interesse com várias aplicações, tais como quitina e acetato de cálcio, é evidente. Os sistemas Raman portáteis mostraram-se uma ferramenta promissora e mais conveniente no monitoramento do processo de demineralização, permitindo intervenções precisas e otimização, destacando o papel da espectroscopia Raman como um instrumento valioso na bioeconomia.
Além do valor científico e técnico, esta pesquisa oferece uma perspectiva ética e sustentável para a indústria, uma vez que se volta para a exploração sustentável dos recursos aquáticos, convertendo resíduos em polímeros recicláveis, reduzindo nosso impacto ambiental e abrindo caminho para novas tecnologias limpas e circulares.