A Task force on Nature-related Financial Disclosures (TNFD) surge como uma nova iniciativa no panorama das finanças sustentáveis e da regulamentação relacionada à bioeconomia. Esta notícia, escrita por Sérgio Teixeira Jr. e publicada em 31 de outubro de 2023, relembra o avanço dos reportes climáticos, mencionando especificamente o ISSB, padrão adotado pela CVM há dez dias, enquanto aponta agora para a natureza e a biodiversidade como próximos elementos a integrar os balanços corporativos. A ênfase está na capacidade que os fluxos financeiros possuem de gerar impactos tanto positivos como negativos no meio ambiente.
Felipe Arango, líder dos projetos-piloto da TNFD, alerta para as evidências urgentes com que a natureza vem sinalizando a humanidade, citando riscos como a perda da biodiversidade, contaminações e espécies invasoras, reiterando o quão crítico é o momento atual, onde os limites planetários estão sendo ultrapassados. Diante da grandiosidade dos indicadores ambientais possíveis, a TNFD optou por 14 métricas principais, focadas em elementos cruciais como a contaminação, desmatamento e uso dos recursos hídricos, entre outros.
Arango menciona o desafio de promover a adoção dessas normas por companhias e reguladores, em um contexto onde aproximadamente metade do PIB global depende de recursos naturais, segundo o Fórum Econômico Mundial. O engajamento destas entidades é vital para evidenciar suas dependências em relação à natureza e, consequentemente, para avaliarem riscos e planejarem frente às oportunidades emergentes.
Refletindo sobre o sucesso potencial da iniciativa TNFD, Arango destaca que reportes acerca da natureza devem ser vistos não apenas como um requisito de divulgação mas como uma estratégia de aprimorar a gestão corporativa, visando o desenvolvimento de planos eficazes para a proteção da capacidade de gerar valor destas empresas. A matéria menciona a expectativa de que, assim como ocorreu com os reportes climáticos, as divulgações relacionadas à natureza ganhem caráter obrigatório, seguindo a tendência estabelecida pela COP15 e pelo “Acordo de Paris para a Biodiversidade”.
Os indicadores desenvolvidos pela TNFD são descritos como alinhados às mudanças na natureza e associados tanto a riscos como a oportunidades. A matéria reconhece que, apesar da singularidade do desafio apresentado pela variação regional dos recursos naturais, comparada à mais fácil padronização do dióxido de carbono como unidade de medida na questão climática, ainda assim é possível manejar essa complexidade. A conversa com os mais diversos participantes do mercado financeiro, como os fundos de pensão, é essencial nesse sentido.
Finalmente, a reportagem aponta que o Brasil e outros países megabiodiversos têm uma oportunidade única de posicionar-se à frente no cenário internacional, focando no capital natural, um diferencial competitivo. O país, com sua matriz energética limpa e recursos abundantes, poderia beneficiar-se significativamente da transparência e do avanço em gestão, atraindo assim, investimento internacional.
Fonte: https://capitalreset.uol.com.br/regulacao/depois-do-clima-e-a-vez-da-natureza-entrar-nos-balancos/