Em um contexto onde a dinâmica da bioeconomia é cada vez mais central para compreender as transformações socioeconômicas e ambientais, as recentes discussões sobre sua implementação na Amazônia adquirem relevância estratégica. Protagonistas desse debate, importantes figuras como Dennis Minev, empresário e ex-secretário de Planejamento do Amazonas, e Augusto Rocha, coordenador da Comissão de Logística do Cieam, trouxeram à tona questões cruciais durante uma transmissão ao vivo voltada para superar os desafios ambientais e estruturais da região.
A valorização e o uso dos saberes locais foram apontados como pilares fundamentais para a bioeconomia na Amazônia. A atração e retenção de talentos, tanto locais quanto de fora, é vista como uma alavanca para o crescimento do setor. Exemplos como o Museu da Amazônia e o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) ilustram o impacto positivo trazido por profissionais qualificados que se estabelecem na região.
A problemática relacionada à manutenção de quadros profissionais no interior também foi abordada. Minev ressaltou a necessidade de tornar as cidades mais atrativas para evitar o êxodo desses indivíduos. Ademais, enfatizou a importância de explorar economicamente as áreas já degradadas por meio de práticas sustentáveis, como a agrofloresta e a integração da lavoura, pecuária e floresta, mesmo acenando para a possibibilidade de inclusão criteriosa de atividades como a sojicultura.
Rocha enfocou a imperiosidade de se construir uma infraestrutura logística robusta para garantir conexões sustentáveis, criticando a inércia em relação à execução de projetos. Citou o exemplo dos desafios vivenciados pelos baixos níveis dos rios, que foram revertidos pela ação natural das chuvas ao invés de uma intervenção eficiente e programada do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (DNIT).
O diálogo sublinhou, ainda, a questão dos recursos orçamentários, que não devem ser apenas alocados, mas de fato executados, para áreas sensíveis da região. O empresário e o coordenador expressaram preocupação com os contínuos contingenciamentos que retardam o avanço da bioeconomia.
Emerge da discussão a visão de que, com engajamento efetivo e aplicação de soluções inovadoras que combinem conhecimento tradicional e modernidade, a bioeconomia pode ser um vetor de enriquecimento e sustentabilidade para a Amazônia. Fica claro que a transição para uma economia baseada na biodiversidade demanda não apenas vontade política e investimento em ciência e tecnologia, mas também uma mudança cultural em prol de infraestrutura e preservação ambiental aliadas ao desenvolvimento econômico.