Conhecida como a primeira cúpula do clima com foco na alimentação da ONU, a COP28 encerrou suas atividades deixando uma mistura de cumprimentos e falhas no que diz respeito às promessas ambientais. O evento, realizado sob a direção do CEO da empresa nacional de petróleo do país anfitrião, trouxe o combustível fóssil ao centro dos debates, gerando discussões acaloradas e até a necessidade de um dia extra de conferência. A linguagem final adotada no Acordo Global (Global Stocktake – GST) foi considerada histórica, porém ainda não totalmente satisfatória, refletindo a situação dos sistemas alimentares globais.
No panorama das iniciativas alimentares, destaca-se a Declaração dos Emirados sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática, assinada por 134 países, e a COP28 UAE Declaração sobre Clima e Saúde que sublinha a importância do agronegócio. Mais de 150 atores não estatais assinaram um chamado para a transformação dos sistemas alimentares, enquanto setores públicos e privados comprometeram-se com bilhões de dólares para sistemas alimentares mais sustentáveis, nutritivos e equitativos.
Líderes do sistema alimentar e especialistas da área expressaram suas impressões sobre os desdobramentos da cúpula. Oliver Camp, da Global Alliance for Improved Nutrition (GAIN), descreve os resultados como necessários, mas insuficientes, reforçando, no entanto, que eles constituem uma plataforma sólida para o futuro. Andrew Jarvis, do Bezos Earth Fund, destaca a presença inédita do tema da alimentação na agenda e a assinatura da declaração dos Emirados como um ponto alto. Mirte Gosker, do The Good Food Institute APAC, expressou sentimentos mistos, ponderando a efetividade da dinâmica da COP em impactar as negociações reais.
A presença ativa do setor alimentar foi um marco para Irina Gerry, da Change Foods, e Lee Recht, da Aleph Farms, que enxergam no evento um ponto de partida otimista para ações climáticas e resiliência nos sistemas alimentares. Elysabeth Alfano, da VegTech Invest, considerou a COP28 como um sucesso avassalador, observando um aumento substancial na discussão sobre transformação dos sistemas alimentares.
Da mesma forma, Stephanie Maw, da ProVeg International, ressaltou a importância da discussão sobre sistemas alimentares sustentáveis, embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido em termos de ações concretas. Tasneem Karodia, da Newform Foods, e Paul Newnham, da SDG2 Advocacy Hub, também saíram do evento com perspectivas positivas e esperançosas para o futuro das negociações e iniciativas relativas à alimentação.
Ethan Soloviev, da HowGood, destacou os avanços ocorridos em relação aos sistemas alimentares na COP28, embora tenha notado a ausência de ênfase em alimentos como solução baseada na natureza para mitigar a crise climática. Representando o sentimento coletivo de urgência e determinação, a COP28 trouxe ao palco global a necessidade de sistemas alimentares regenerativos, nutritivos e resilientes, pavimentando o caminho para avanços futuros na adaptação às mudanças climáticas.
Fonte: https://www.greenqueen.com.hk/cop28-food-and-agriculture-experts-takeaways/