Um importante avanço foi anunciado pela organização de pesquisa Fraunhofer-Gesellschaft, que lançou uma estrada para o desenvolvimento de um mercado líder de bioplásticos na Alemanha. Este setor representa hoje menos de 2% do mercado de plásticos, mas espera-se que seu crescimento alcance 5% globalmente até 2030. A Dra. Anna-Katharina Stumpf, líder do escritório central do Campo de Pesquisa Estratégica em Bioeconomia da Fraunhofer, destaca que existem vários obstáculos a serem superados para que os bioplásticos se tornem economicamente viáveis.
A primeira barreira identificada é que os plásticos de origem biológica são uma classe de materiais relativamente jovem em comparação com os seus homólogos fósseis. É necessária uma atenção crítica para a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), especialmente em questões como viscosidade da massa fundida, que é crucial para o avanço tecnológico nesta área. Além disso, as tecnologias especializadas para aditivos, compostos e processamento bio-based ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento.
Na Alemanha, como em outros países, a indústria de bioplásticos enfrenta a preocupação pública do debate “comida ou combustível,” devido à utilização primária de matérias-primas como a cana-de-açúcar e o milho. Para contornar essa questão, Dra. Stumpf sugere a mudança de foco para o uso de resíduos de plantas regionais, como subprodutos de fermentação não putrescíveis de usinas de biogás e resíduos de produção agrícola, o que também poderia trazer vantagens sustentáveis e econômicas.
Ao mesmo tempo, destaca-se a importância de explorar as correntes de resíduos alimentares para a produção de bioplásticos. Um terço dos alimentos produzidos globalmente é desperdiçado ao longo da cadeia de valor, apresentando uma oportunidade enorme para a recuperação de material e energia desses resíduos.
A educação do consumidor é fundamental para aumentar a eficiência do uso de matérias-primas, por meio de práticas como revestimentos antimicrobianos em embalagens, barreiras contra vapor de água ou oxigênio, que podem nivelar o campo de jogo das fontes de matéria-prima. Embora haja um número limitado de produtores de bioplásticos globalmente, a inovação ao longo de toda a cadeia de valor, do material bruto ao processamento e reciclagem, é crucial para promover o uso mais amplo de bioplásticos.
Para alavancar soluções técnicas existentes e abordagens inovadoras de reciclagem, ajustes nas políticas e facilidades no acesso ao mercado são necessários. Isso poderia resultar, segundo a Dra. Stumpf, em sistemas fechados economicamente competitivos, ainda mais vantajosos do ponto de vista ambiental. Finalmente, para dar atenção e promover os desenvolvimentos políticos necessários na indústria, medidas críticas podem vir na forma de um imposto sobre o carbono sobre matérias-primas fósseis ou outras contribuições de proteção climática.
Com inovação adequada e reformas de políticas, os bioplásticos têm o potencial de competir diretamente com os rivais à base de fósseis em um cenário de bioeconomia circular, caracterizado pela máxima retenção de matéria-prima e produtos no ciclo de produção.