O campo da energia renovável está presenciando um dos seus momentos mais significativos, com biocombustíveis na vanguarda do avanço rumo a uma transição energética mais limpa e sustentável. O Brasil, com seu notório protagonismo nesse setor, está prestes a liderar esse crescimento, apontando para um futuro onde os recursos renováveis desempenharão um papel ainda mais crucial em sua matriz energética.
Conforme relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), o país sul-americano está pronto para responder por 40% do aumento da oferta global de biocombustíveis até 2028, que deve acelerar 30% mais rápido quando comparado com os cinco anos anteriores. As diretrizes governamentais são citadas pela agência como o principal motor para esse crescimento, indicando uma tendência global em busca de fontes energéticas seguras e de baixas emissões.
Empresas como Be8 e Acelen estão direcionando bilhões em investimentos para a produção de combustíveis renováveis de nova geração, como o diesel verde e os SAF (querosenes de aviação sustentáveis). A Raízen, destacando-se no setor, tornou-se a primeira a obter certificação internacional para produção de SAF. Ainda que em estágios iniciais, tais combustíveis prometem ser fundamentais na redução de emissões no setor aéreo nas próximas décadas.
Ao voltar o olhar para as rodovias, vê-se um panorama no qual o etanol continua a dominar, com o Brasil ampliando sua capilaridade também no segmento de etanol de milho. Atraídos pela crescente produção do cereal, investidores apostam nesse mercado, e a União Nacional do Etanol de Milho (Unem) antecipa um expressivo aumento na produção para a safra 2023/24.
No horizonte mais alargado das energias renováveis, o Brasil renova seu recorde anual de capacidade instalada, mostrando-se um líder indiscutível na América Latina, com a previsão de ser responsável por grande parte do acréscimo de potência na região até 2028. Globalmente, houve um crescimento de 50% na capacidade instalada de energia por renováveis no último ano, com a energia solar liderando esse movimento.
Tal crescimento surpreendente é evidenciado principalmente na China, mas o Brasil não está atrás. Mesmo frente a mudanças regulatórias, a capacidade de geração solar distribuída no país tem superado expectativas, apontando para um considerável ajuste positivo nas previsões. Entretanto, o cenário não é apenas de avanços, com a geração eólica onshore enfrentando desafios globais que exigem uma atenção redobrada por parte dos governos.
Em paralelo, ainda é digno de nota o fato de que os Estados Unidos observaram uma redução nas emissões de gases de efeito estufa em 1,9% enquanto sua economia expandiu, um indicativo da viabilidade de uma economia crescente simultaneamente a uma postura ambiental responsável.
Inegavelmente, a jornada para atingir as metas ambiciosas, como as estipuladas na COP28, é desafiadora. No entanto, com a AIE projetando que a capacidade global de renováveis poderá crescer até 2,5 vezes até 2030, o caminho para a expansão das energias renováveis está sendo pavimentado, e o Brasil está em posição de ser um dos seus principais arquitetos.