O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou um financiamento significativo de R$ 93,8 milhões destinados à criação de uma usina de biometano no aterro sanitário localizado em Caieiras (SP), o maior da América Latina e terceiro no ranking mundial. A Essencis Biometano S.A será beneficiada com esta soma que inclui R$ 53,7 milhões do Fundo Clima e R$ 40,2 milhões através da BNDES Finem, linha de crédito para projetos de investimento.
A região metropolitana de São Paulo, incluindo a capital, encaminha seus resíduos para este aterro, que agora servirá como fonte para a produção diária estimada em 68.000 m³ de biometano. Esse combustível renovável será comercializado pelas companhias Ultragaz e Neogás, e entregue na forma de gás natural comprimido. O biogás captado pelo aterro por uma rede de dutos passará por um processo de purificação, separando o CO2 e outros gases poluentes, resultando no biometano.
Com a operacionalização dessa usina, projeta-se evitar a emissão de aproximadamente 43.068 toneladas de CO2 equivalente por ano, reforçando o compromisso da iniciativa em mitigar os efeitos das mudanças climáticas e contribuir para uma matriz energética mais sustentável.
Além dessa usina em Caieiras, o BNDES também aprovou financiamento para outra iniciativa de biometano em Paraguaçu Paulista (SP), pertencente à Cocal Energia PPT Participações Ltda. O valor direcionado para esta planta é de R$ 135 milhões, o que corresponde a 60% do investimento total no projeto, que gira em torno de R$ 200 milhões. A nova usina terá uma capacidade de até 60 mil m³/dia e utilizará como insumos a palha de cana, torta de filtro e vinhaça, provenientes da produção de álcool e açúcar. A medida visa à redução de mais de 10 milhões de toneladas de carbono ao longo de seus 19 anos de vida útil estimados.
Parte significativa do biometano gerado será distribuído em GNC (cilindros transportados em carretas) possibilitando o atendimento de clientes industriais e comerciais em nível nacional. Esse modelo também permitirá que o próprio Grupo Cocal utilize o biometano para atender a demanda por combustível de sua frota de veículos durante a safra, diminuindo o consumo de diesel.
José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, salientou que tais iniciativas posicionam o Brasil como um protagonista na produção de biometano, trazendo-nos um passo adiante na transição energética e na descarbonização de combustíveis. Ele também enfatizou a prioridade em investir na chamada ‘indústria verde’, alinhada aos objetivos de neoindustrialização do país.
