Alcoa deseja vender seus resíduos para reduzir a emissão de carbono na produção de cimento.

A Alcoa, uma das maiores empresas de alumínio do mundo, está trabalhando em uma iniciativa para transformar os resíduos de sua produção de alumínio em um novo produto que poderia ajudar a descarbonizar a indústria do cimento. Tradicionalmente, dois terços desses resíduos, frutos da mineração de bauxita, são depositados em barragens. Uma prática que além de cara, envolve potenciais riscos ambientais.

A proposta da Alcoa é utilizar esses resíduos como matéria-prima na produção de cimento, em uma parceria com a Intercement. Isso porque a indústria de cimento é conhecida por ser responsável por cerca de 8% das emissões globais de gases de efeito estufa. A utilização dos resíduos da Alcoa poderia substituir até 5% da combinação usual de matérias-primas, reduzindo a quantidade de CO2 emitida no processo de produção de cimento.

Essa proposta de reaproveitamento de resíduos reflete uma tendência cada vez maior no mundo da bioeconomia de buscar soluções mais sustentáveis e eficientes para o uso de recursos. A iniciativa é também um exemplo da aplicação do conceito de economia circular, que visa à eliminação de resíduos e a contínua utilização de recursos.

O desafio está na logística: a distância entre a planta da Alcoa e a da Intercement é de 800km, superando os 225km que seriam financeiramente viáveis. Mas, apesar das dificuldades operacionais, essa inovação tem o potencial de gerar benefícios significativos do ponto de vista ambiental, além de ganhos financeiros para as empresas envolvidas. A Alcoa estima que, se o projeto for bem sucedido, poderia resultar em ganhos financeiros e aumentar a vida útil dos locais que atualmente recebem os resíduos.

Globalmente, estima-se que os resíduos de bauxita somem 150 milhões de toneladas. A Alcoa já vem pesquisando outras formas de reutilizar esses resíduos em outros setores. Por exemplo, na Austrália, a empresa está testando o uso desses resíduos na pavimentação e como insumo na produção de fertilizantes.

Essa iniciativa surge em um contexto em que a indústria mineradora tem sido forçada a revisar suas práticas de gestão de resíduos, especialmente após os trágicos rompimentos de barragens nos últimos anos. A Alcoa no ano passado investiu R$ 330 milhões em um sistema que permite o empilhamento a seco dos resíduos de sua refinaria, uma forma mais segura de descarte.


Fonte: https://capitalreset.uol.com.br/economia-circular/alcoa-quer-vender-seus-rejeitos-para-descarbonizar-o-cimento/

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