À frente da bioeconomia e rumo à neutralidade de carbono até 2050, a Indústria Bio-based e Biodegradável (BBIA, sigla em inglês) destaca-se na promoção de uma economia circular mais sustentável no Reino Unido. Dr. Jen Vanderhoven, COO da BBIA, discute as capacidades transformadoras dessa indústria e sua importância para combater as mudanças climáticas.
A bioeconomia, fundamentada na eficiência dos recursos, gestão de resíduos e sustentabilidade, apresenta-se como uma alternativa lógica diante da necessidade de se afastar dos recursos fósseis. Atualmente, a emissão de carbono da Grã-Bretanha alcança anualmente a cifra de 299 milhões de toneladas. Inovar para reduzir esses números é mais do que uma opção – é uma obrigação para assegurar o futuro ambiental do planeta.
A utilização de biomassa – que inclui plantas, animais e microorganismos – para a produção de uma gama diversificada de produtos, como químicos e plásticos, é um dos alicerces da bioeconomia. Aqui, resíduos de um processo tornam-se recursos valiosos para outro, criando um ciclo fechado de produção e consumo.
Os benefícios do uso de produtos bio-based e biodegradáveis são significantes e incluem a redução de emissões de gases do efeito estufa, melhoria da qualidade do solo e diminuição da poluição por plásticos na agricultura. O processo de compostagem de resíduos alimentares, que hoje terminam em aterros e contribuem significantemente para as emissões de GEE, representa uma oportunidade substancial de melhoria. Ao mesmo tempo, solos comprometidos pela agricultura intensiva necessitam urgentemente da qualidade que compostos orgânicos podem oferecer para garantir segurança alimentar.
Esta indústria emergente enfrenta desafios de sustentabilidade, que incluem a necessidade de maior apoio regulatório e investimentos do governo para estimular o crescimento setorial. Dr. Jen Vanderhoven aponta para a estratégia posta em prática pelos Estados Unidos – que estabeleceu metas ambiciosas para a bioeconomia e apoia financeiramente o desenvolvimento de materiais bio-based, em contrapartida à ausência de uma estratégia semelhante no Reino Unido.
Existe um apelo para que haja mais estímulo ao desenvolvimento industrial bio-based, com o uso de instrumentos de mercado, como metas e mandatos para materiais bio-based no mercado britânico. Isso inclui créditos fiscais, bolsas e subsídios para pesquisa e desenvolvimento, produção e uso de materiais bio-based e biodegradáveis.
No entanto, apesar das adversidades, a BBIA possui planos ambiciosos para os próximos anos, e convida organizações da bioeconomia a colaborar na construção do futuro sustentável da economia do Reino Unido. A associação continuará seu papel central de incentivadora da economia circular orgânica, desfossilização dos setores químicos e plásticos e no desenvolvimento de materiais sustentáveis inovadores.
Em um cenário global cada vez mais consciente da necessidade de soluções sustentáveis e com foco em ESG (Environmental, Social and Governance), a bioeconomia representa uma grande oportunidade para aqueles que querem estar na vanguarda da inovação. Os profissionais e engenheiros do setor são assim, desafiados a se tornarem agentes ativos nessa transformação necessária para o alcance de uma economia verdadeiramente circular e sustentável.